“Um dia Grisela sentiu-se muito triste, tão triste como a sua pele cinzenta“. Achou então que, para redescobrir a alegria de viver, bastaria pegar num balde de tinta vermelha, numa trincha feita à medida da sua pata e mudar assim as lentes do mundo.
O resultado esteve longe daquilo que esperava, uma vez que, quando se cruzou com um pato, ouviu por entre um riso perdido: “Um rato com o bico pintado! Nunca vi nada assim!“.
As coisas não correram melhor quando se pintou de verde, de amarelo ou às pintas, acabando o dia a fugir à fúria das abelhas com um mergulho no rio. Quando regressou à margem estava tão cinzenta como antes, mas a verdade é que, a partir desse momento, a sua vida se transformou.
Fábula com imagens coloridas, apontadas à primeira infância, “Grisela” (Kalandraka, 2017) aborda o tema da individualidade mostrando que, mais importante do que a forma como os outros olham para nós, está a forma como nos vemos a nós próprios, construindo uma auto-estima e uma personalidade capaz de resistir aos dias mais cinzentos. Ou, como já dizia quem por cá passou, “mais vale sê-lo que parecê-lo”.
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