Reza a biografia publicada no site da Planeta Tangerina que Joana Estrela, nascida em Penafiel no ano de 1990, “começou cedo a desenhar retratos de família, sobre os quais escrevia legendas divertidas. Um dos seus clássicos para prendas de anos consistia em fazer listas de coisas-que-dizemos-quando-estamos zangados, aplicando a ideia aos diferentes membros da família. À mãe, por exemplo, calhou um retrato rodeado pelos principais ralhetes com que brindava o pai, como “Não calques os tapetes do quarto!” ou “Começas logo a comer e nem cortas a carne às tuas filhas!”. O seu método de trabalho não mudou muito desde então, até porque o que a motiva a começar um livro continua a ser o seu próprio divertimento“. Depois de ter estudado Design de Comunicação na Faculdade de Belas Artes do Porto andou uns anos entre Budapeste e Vilnius, tendo regressado à Invicta para trabalhar em ilustração e banda desenhada.
O seu primeiro livro, intitulado “Propaganda”, foi publicado em 2014 pela Plana, mas seria dois anos mais tarde que a sorte grande lhe iria bater à porta, quando venceu o I Prémio Internacional de Serpa para Álbum Ilustrado com “Mana” – venceu também o prémio para Melhor Ilustração de Livro Infantil na Amadora BD 2016 -, que acabou por ver a luz da edição através da Planeta Tangerina, editora que publica agora “A Rainha do Norte” (Planeta Tangerina, 2017), um livro nascido a partir da lenda das amendoeiras em flor.
A história começa como todas as histórias, ainda que com uma rasura incomum: “Era uma vez um rei mouro que se apaixonou por uma criada. Casaram e viveram felizes para sempre durante algum tempo“.
A criada tinha vindo de um país do norte, “onde o chão se cobre de neve e as pessoas se cobrem de roupa pesada e felpuda“, um país muito diferente de todos os que compõem o reino. A agora rainha sentia-se uma estrangeira, sem amigos de infância ou amigos para visitar. A linguagem era diferente, bem como o sabor da comida, e aos poucos deixou-se dominar por uma doença que todos consideravam inexplicável, apesar de não faltarem diagnósticos: foi possuída por um fantasma; faz pouco exercício; faz demasiado exercício; tem a mania das dietas; está com um período prolongado.
Perante a impotência do rei, mais habituado às guerras exteriores que às indefinições do corpo e da mente, caberá a um médico vindo de um reino distante a elaboração de um diagnóstico certeiro.
Ao contrário do que aconteceu em “Mana”, Joana Estrela opta aqui por um estilo mais clássico de ilustração, indo ao encontro do território da lenda, mas há definitivamente um traço muito pessoal que se olha já como assinatura.
2 Commentários
Onde é que eu posso encontrar este livro??
Pareceu -me muito interessante para ler
Eu gostei muito de o ler