Surgida no ano de 2013, a colecção Imagens que Contam pretendeu desafiar a liberdade criativa dos ilustradores, que teriam de imaginar uma narrativa contada exclusivamente através de imagens. As regras, essas, eram iguais para todos: 32 páginas, um título de uma só palavra e a transformação do lettering que serve de logótipo à editora Pato Lógico numa ilustração. Este ano chegaram às livrarias mais dois títulos, um como reedição e outro como novo acrescento à colecção.
Marta Monteiro recorreu a um mundo de “Sombras” (Pato Lógico, 2017 – reedição) dotadas de vida própria, que têm a tendência de revelar a verdadeira personalidade dos seus donos, agindo como a representação dos seus medos, sonhos, desejos e emoções refreadas.
Quanto a “Máquina” (Pato Lógico, 2017), de Jaime Ferraz, é qualquer coisa como um oráculo Kubrickiano em acção, no qual a máquina passa a estar no centro da humanidade. Há máquinas para lavar a roupa, máquinas para secar o cabelo e máquinas para cozinhar. Ou máquinas que nos prendem horas ao sofá e outras que nos transportam de casa para o trabalho.
Neste mundo onde se mostra a dependência do homem diante da tecnologia, um rapaz recebe do seu avô uma máquina ligeiramente diferente, com o poder de o fazer viajar para mundos fantásticos sem precisar de um chip ou um circuito integrado. Tudo no espírito de Tati e do Dr. Hulot. À semelhança da fotografia, também uma ilustração pode valer mais do que mil palavras.
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