Resultado de uma parceria entre o espírito poético de Ondjaki e a inventividade de traços, linhas e cores de António Jorge Gonçalves, “O Convidador de Pirilampos” (Caminho, 2017) foi um dos mais bonitos álbuns ilustrados a chegar às livrarias no primeiro trimestre de 2017.
Perto da Floresta Grande, lugar dos pirilampos “apagados” – também conhecidos por pirivelhos – e dos outros, vivia um menino curioso e o seu avô. Em noites de lua nova, ambos partiam floresta dentro, com o menino a trazer dentro da sua mochila alguns dos seus estranhos e complexos inventos, tais como um aumentador de caminhos ou o unócolo, que servia para ler o brilho dos pirilampos e comunicar com eles. Ele que, diz orgulhosamente ao avô, já cientistou os pirilampos muitas vezes.
No dia seguinte, quando regressam à floresta para recolher as invenções deixadas para trás, o avô percebe que o aumentador de caminhos é um outro nome para armadilha, e que a casa que o menino construiu para eles no quintal é uma designação mais simpática para gaiola. Com a ajuda do código morse e as palavras sábias do avô, irá compreender que a luz dos pirilampos não vem da força dos corpos mas de um outro alimento, e que estes também poderão brilhar de tristeza.
António Jorge Gonçalves recorre ao seu triângulo mágico de cores – preto, azul e amarelo – para ilustrar esta bonita história, sobre liberdade, confiança e, também, o medo do escuro.
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