É certo que todos os livros infantis de David Walliams contêm uma veia politicamente incorrecta. Porém, se histórias arrepiantes como “Doutora Tiradentes” ou “Avozinha Gangster” dão voltas malucas para fecharem, ainda assim, ao abrigo de um código moral aceite por todos, o mesmo não se poderá dizer de “Oh, Não! Adoptei um Elegante!” (Porto Editora, 2017), atravessado de uma ponta à outra por um humor negro com aquele requinte britânico.
Tudo estava tranquilo na casa do pequeno Rui, até este ser surpreendido por um “elefante grande, gigante, gigantesco“, que lhe vem bater à porta segurando uma mala de viagem na tromba – e muito zangado por ter pago dois bilhetes de avião. Isto porque, na sua última viagem ao jardim zoológico, o Rui havia preenchido um formulário com um cabeçalho que dizia inocentemente “Adopte um elefante“.
A vida do Rui vai-se tornando mais difícil de dia para dia, até porque, para além de ser bastante desarrumado, o elefante mostra um apetite ainda maior do que o seu tamanho. Mas tudo se complica ainda mais quando, ouvindo bater à porta, o Rui descobre um outro cenário que não aquele habitual da mãe a regressar das compras.
Tony Ross é o responsável pelas ilustrações, que se movimentam entre a página dupla e a apresentação por tiras, num trabalho gráfico exemplar que envolve jogos de lettering que dão ao livro uma agitação tão grande que quase conseguimos ouvir o barulho das coisas a serem esmagadas. A moral, se é que a há, poderá muito bem ser esta: tenham muito cuidado com as letras pequeninas.
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