Para quem procura uma enciclopédia exaustiva, ilustrada e detalhada sobre a evolução do sexo ao longo da história, “O sexo ao longo dos tempos” (Vogais, 2014) não será, certamente, a melhor recomendação. Vejam-no antes como estar na sala de espera do dentista e, em vez de se escolher um dos volumes do “Em busca do tempo perdido” ou outra literatura mais séria, optar-se pelo folhear de uma revista cor-de-rosa ou de tonalidades mais frescas, pondo em dia o olhar social e levando a mente para territórios menos tempestuosos. O que, diga-se, só faz bem à cabeça.
Escrito por Karen Dolby, “O sexo ao logo dos tempos” conta, de forma ligeira e breve, alguns episódios ao longo da história que foram atravessados por sobras e alguma perversidade, «desde o primeiro pornógrafo até ao primeiro relato de casos de asfixia autoerótica, a começar no mundo antigo, sem deixar de passar pelo tempo dos santos – e, é claro, dos pecadores – da idade média, pelos poetas e alcoviteiras do renascimento, pelas desventuras da realeza e pelo próspero submundo de georgianos e vitorianos.»
O livro está dividido em oito períodos/capítulos: a educação clássica grega e romana; o tempo das alcovas, alcoviteiras e trovadores – em que o sexo foi transformado numa coisa suja, muito por culpa – segundo a autora – de Santo Agostinho; o domínio de santos e pecadores, perdidos entre a flagelação e a obsessão com os sete pecados capitais; os excessos da realeza – período louco para os reis que dispunham de várias candidatas a amantes reais; os prazeres perversos – onde se encontram tatuagens, a pornografia vitoriana e, claro, o inevitável Sade; caniches e panteras, ou uma outra forma de falar do auge da prostituição; os diários como os lugares da pura devassidão; o lugar da mulher que, no século XIX, era querida como – pelos homens, claro está – submissa, encantadora e casta. No meio de tudo isto, caso houvesse uma máxima a ser retirada, andaria provavelmente à volta disto: enquanto houver homens e mulheres, nada mudará.
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