“Há toda uma história de falsa bandeira, usada para manipular as mentes das pessoas! Nos indivíduos, a loucura é rara; mas em grupos, partidos, nações e épocas, é a regra.”
A expressão é de Friedrich Nietzsche, mas assenta que nem uma luva como introdução ao livro “Manipulação da Verdade – Operações de Falsa Bandeira: do incêndio do Reichstag ao golpe de Estado na Turquia” (Bertrand Editora, 2017). Depois de “Os Abutres do Vaticano”, “CIA – Jóias de Família” e “Hitler Morreu no Bunker?”, Eric Frattini volta a inquietar mentalidades levantando o véu sobre algumas operações de falsa bandeira, levadas a cabo desde finais do século XIX até aos dias de hoje, que demostram que alguns dos acontecimentos mundiais mais importantes que conhecemos podem não ter acontecido exactamente como nos foi dado a saber.
São 24 momentos históricos, alguns mesmo cruciais no desenrolar da história mundial, que o jornalista e analista político apresenta, fazendo revelações surpreendentes, sempre com base numa investigação apurada, como faz questão de provar no final de cada um dos 24 capítulos.
Desde o “conveniente incêndio do Reichstag”, que abriu a Adolf Hitler (que o orquestrou) o caminho para o poder absoluto, até ao que o autor conclui ter sido um falso golpe de Estado na Turquia, em julho de 2016, para elevar “Erdogan, o Misericordioso”, afastando definitivamente a oposição, passando por diversos ataques, operações e acções um pouco por todo o mundo, Eric Frattini mostra-nos que nem tudo é o que parece.
No prefácio, Pedro Baños, Coronel, analista e ex-chefe de Contrainformação e Segurança do Corpo do Exército Europeu de Estrasburgo, introduz-nos para esta temática, fazendo-nos desde logo questionar quais os limites do poder, citando para isso o dramaturgo grego Ésquilo de Elêusis, quando dizia: “Na guerra, a primeira vítima é a verdade”.
Pedro Baños vai mais longe, e diz mesmo que esta ideia “pode alargar-se a qualquer situação de conflito, crise ou tensão (…), pois o afã dos homens para imporem a sua vontade sobre outros nunca conheceu limites, levando-os a recorrer a qualquer manha de forma a lograrem os seus intentos, por muito questionáveis que sejam”. Assim, a mentira, a astúcia, os estratagemas, as ciladas e as traições parecem ter sempre feito parte destes anos de história, como esta obra vem provar, ao revelar a “Manipulação da Verdade”.
“Num contexto em que as lutas e as rivalidades são uma constante, não é de estranhar que os estados e os diferentes entes implicados realizem operações encobertas destinadas a culpar terceiros”. São estas então as conhecidas “operações de falsa bandeira”, que vão desde um atentado terrorista até actos de sabotagem e subversão, partilhando um mesmo fim: orientar, ou antes, manipular a opinião pública e justificar acções bélicas ou intervenções duvidosas.
É aqui que a importância desta obra se revela: cidadãos com sentido crítico precisam-se, numa sociedade em que, cada vez mais, informação é poder, para o bem e para o mal. Eric Frattini ensina-nos a ter um novo olhar sobre os acontecimentos históricos, mas também sobre a actualidade e aquilo que o futuro trará. “Manipulação da Verdade” é um livro essencial para aqueles que não querem “fazer parte do rebanho”, seguir cegamente as massas, antes questionar e reflectir sobre a verdadeira realidade que nos rodeia.
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