Há quem diga, sobretudo aqueles que gostam de mergulhar nas águas do místicismo, que sete é o número mágico e, a julgar pelo livro que encerra a saga Potteriana, provavelmente até haverão razões para isso.
Em “Harry Potter e os talismãs da morte” (Editorial Presença, 2014 – reedição), somos transportados até à residência de Lucius Malfoy, onde Valdemort reúne os seus Devoradores da Morte e fiéis servidores para acertarem o ataque final a Harry Potter que, no dia em que completar dezassete anos, irá perder todas as suas protecções, tendo de abandonar também Privet Drive que, mesmo com muito azedume e maus-tratos, deixará também de ser um lugar seguro.
Apesar das muitas fugas de informação e de uma fuga em que sete Harry Potters cruzam os céus em vassouras e na barulhenta moto de Hagrid, Potter, sósias e acompanhantes encontram refúgio na Toca, a residência dos Weasley, onde se prepara ao detalhe o casamento de Bill e Fleur.
Quanto a Potter, Ron e Hermione, o seu destino parece estar traçado. Depois do casamento vão partir em busca dos Horcruxes que estão ainda por destruir, os objectos em que Voldemort depositou parte da sua alma. Só assimVoldemort pode ser enfrentado como um feiticeiro mortal, ainda que muito perigoso.
Depois de tomar Hogwarts, destituindo Dumbledore do cargo e afastando-o para sempre como potencial desafiador, Voldemort está em grande. Tomou conta do Ministério, tem a imprensa na palma da mão e mais de metade do mundo da feitiçaria faz-lhe vénias entre o respeito e o medo. Snape, cumprindo um duplo sonho, manterá a cadeira de Defesa contra as artes negras e será, também, o novo director de Hogwarts. Para ajudar ao clima de mudança, Rita Skeeter publica uma biografia não oficial de Dumbledore, onde semeia as dúvidas não só entre os apoiantes deste como no próprio Harry Potter, que começa a duvidar se realmente terá sido como um filho para o maior feiticeiro de sempre.
Antes de partirem rumo à caça dos Horcruxes, Potter e amigos recebem a visita do Ministro da Magia, que lhes vem ler a parte do testamento de Dumbledore onde cada um deles é citado: Ron recebe um Apagador, um objecto muito raro que tem o poder de sugar a luz de todo um lugar; Hermione tem reservado um raro exemplar do livro “Os contos de Beedle, o bardo”, que reúne histórias e lendas infantis; quanto a Harry, o legado de Dumbledore chega através de uma snitch dourada, aquela que Potter havia agarrado no seu primeiro jogo em Hogwarts. Mas de que forma poderão estes objectos ajudar-lhes na caça aos Horcuxes? Ou deverão antes tentar encontrar os talismãs da morte, objectos da mais esmerada feitiçaria que muitos julgam não passar de lendas?
Como livro final, o leitor tem à sua espera o desvendar de muitos segredos, obrigando-o a olhar com outros olhos para a história de Hogwarts e, sobretudo, para alguns dos seus personagens mais negros. Além disso, J. K. Rowling encerra com mestria a saga, não fechando a porta a um regresso do feiticeiro Harry Potter que, por esta altura, andará pelas 36 primaveras. Alohomora!
Outros textos da série:
“Harry Potter e a pedra filosofal”
“Harry Potter e a câmara dos segredos”
“Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban”
“Harry Potter e o cálice de fogo”
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