Na cozinha com Yara Kono. Com uma introdução assim, poderíamos ser levados a pensar que a ilustradora tinha decidido trocar o papel, os recortes e as cores pelas artes da culinária. O que, depois de passarmos os olhos por “Batata Chaca Chaca” (Planeta Tangerina, 2016), não deixa de ser meia verdade.
Integrado na colecção Cantos Redondos, feita de livros interactivos que dispensam a utilização de qualquer tecnologia – a não ser a da imaginação -, Yara Kono convida os leitores a entrar na sua cozinha, pedindo-lhes duas mãos emprestadas e indicando-lhes as páginas como tábuas de corte e espaço privilegiado para a experimentação culinária.
Os convidados estão a chegar, por isso é tempo de os pequenos leitores se transformarem em grandes chefs. Mas primeiro há-que lavar as mãos, que isto de cozinhar tem de seguir uma linha higiénica não vá a ASAE decidir bater-nos à porta de casa.
Ao longo do livro, Yara Kono lança questões que testam os predicados culinários de cada um, como perguntar que ingredientes têm o estatuto para se juntarem à taça da salada. Há sons que despertam, páginas que se abrem, fecham e abanam para misturar ingredientes, páginas que se inclinam para que o que foi preparado na tábua se possa juntar às frigideiras fumegantes.
Entre as receitas propostas estão a limonada, um pão-quase-pizza, um caldo de feijão, um irresistível vinagrete, um tentador guacamole, um saudável molho de iogurte ou um reconfortante bolo de mação. E, para terminar, a especialidade de Yara: Chaca-Chaca com batatas.
“Batata Chaca Chaca” lê-se como um despertar para a alquimia da culinária, um livro que será qualquer coisa como o primeiro culinário ilustrado da Planeta Tangerina. E que, obviamente, não deverá ser lido de estômago vazio.
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