Depois da publicação de “Picada Mortal”, a nova Colecção Vampiro volta aos policiais do norte-americano Rex Stout, nascido a 1 de dezembro de 1886 na cidade americana de Noblesville, Indiana. Stout que teve uma vida sui generis antes de se dedicar à escrita: em 1906 alistou-se na Marinha, e durante dois anos serviu a bordo do iate Mayflower, do Presidente Roosevelt, como subtenente. Dez anos depois criou um sistema bancário escolar que seria implementado em mais de quatrocentos estabelecimentos de ensino, e que lhe garantiu lucros confortáveis. Uma vida desafogada que permitiu que, a partir de 1927, pudesse abandonar os negócios para se dedicar por inteiro à escrita.
Foi precisamente no já citado “Picada Mortal” que surgiu a personagem de Nero Wolfe, um detective excêntrico, bom garfo, apreciador de belas orquídeas que, juntamente com o jovem assistente Archie Goodwin, viria a protagonizar dezenas de histórias. Archie que, neste “A Liga dos Homens Assustados” (Livros do Brasil, 2016), serve de narrador a uma esmerada trama, na senda de um romance de Agatha Christie, de quem Stout foi contemporâneo.
Publicado pela primeira vez nas páginas do jornal The Saturday Evening, entre 15 de Junho e 20 de Julho de 1935, “A Liga dos Homens Assustados” tem como personagem central e aparente vilão Paul Chapin, um escritor e um tipo controverso que, nos tempos de juventude, foi vítima de uma partida infeliz que o deixou magoado para a vida. Após um jantar de antigos alunos, quando o grupo se vê ensombrado por duas mortes e um inesperado desaparecimento, todos julgam tratar-se de uma vingança tardia orquestrada por Chapin, que nos tempos de universidade também havia integrado, antes dessa irresponsável partida, a então chamada Liga da Expiação. Transformada agora numa Liga dos Homens Assustados, os seus membros procuram a ajuda de Nero Wolfe para apanharem Chapin antes que este decida despachar mais algum dos seus membros.
Policial de trama cirúrgica e quase matemática, “A Liga dos Homens Assustados” oferece uma história bem construída e engenhosa, revelando uma dupla que não fica atrás de uma sociedade constituída por uns tais de Sherlock e Holmes. Um clássico.
1 Commentário
Penso que não terá sido em 1960 que se alistou na marinha.
Quando adolescente lia todos os Rex Stout que saíam na Vampiro, aquele detetive que não saía de casa e ia ao sótão tratar de orquídeas fascinava-me pela inteligência.