“Impossível. – Antigo palavrão élfico”
O escritor Matt Haig juntou-se ao ilustrador Chris Mould para nos revelar a verdadeira história do Pai Natal, numa obra dirigida apenas àqueles que acreditam em impossíveis e coisas inimagináveis. “Um Rapaz Chamado Natal” (Booksmile, 2016) é um livro repleto de esperança, magia e bondade que, de forma interactiva e cativante, nos leva numa viagem pelos primeiros anos daquele que iria ficar para sempre no nosso imaginário natalício. “Consegues acreditar que houve uma altura em que ninguém sabia da sua existência?”
Esqueçam o velhinho de barbas brancas – pelo menos no início – e conheçam o pequeno Nicolau, um rapaz normal que vivia no meio da Finlândia e cuja relação com a magia se resumia a acreditar nela. A viver uma infância triste, marcada pela pobreza e pela morte da sua mãe, Nicolau vê o seu pai partir para o Extremo Norte numa expedição pela procura de provas da existência da Elfolândia. Entregue à tia Carlota, uma “tia particularmente má”, e apenas com o rato Micas como amigo, Nicolau decide fugir e embarcar na mesma viagem por sua própria conta e risco.
De forma encantadora, divertida e simultaneamente emotiva, Matt Haig leva o leitor numa jornada onde não faltam mensagens e valores que devem ser assimilados por miúdos e relembrados por graúdos. Chris Mould acrescenta e potencia a magia da narrativa de Matt Haig, com ilustrações sublimes que nos absorvem ainda mais na leitura, afastando-nos do mundo real.
“Para veres uma coisa, tens de acreditar nela. Mas acreditar mesmo. Essa é a primeira regra élfica. Não podes ver algo em que não acreditas. Agora esforça-te ao máximo para tentar ver aquilo de que tens andado à procura.”
Numa escrita leve e directa, que fala com o leitor impelindo-o a acreditar em elfos, renas voadoras, fadas, encantamentos de esperança e pozinhos mágicos que dão poderes àqueles que têm em si a bondade, “Um Rapaz Chamado Natal” é perfeito para entrar no verdadeiro espírito natalício e fazê-lo perdurar nos nossos corações.
Relembrando-nos que esta é a época da generosidade e que dar é a verdadeira magia natalícia, o autor desvenda a verdadeira história desta figura mítica – da infância à imortalidade – e de como tomou como missão presentear todas as crianças do mundo, em todas as manhãs de Natal. Não termina sem nos deixar um excerto d’O Guia do Pai Natal para a Felicidade, onde comer mais biscoitos de gengibre, chocolates, compotas e bolos; dar um presente a alguém, seja um brinquedo, um livro, uma palavra simpática ou um abraço apertado; rir, mesmo que não haja motivos para isso – sobretudo nessas alturas; e recordar um momento feliz ou imaginar um futuro feliz, fazem parte dos conselhos de “como ser feliz mesmo em tempos maus”.
“Um Rapaz Chamado Natal” não é para ser lido na quadra natalícia e pousado na estante, mas um livro para revisitar ao longo do ano, lembrando-nos que a felicidade reside nos gestos mais simples e na força do acreditar.
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