Para os amantes do fantástico, sempre que se ouve falar de um novo livro de Holly Black, os batimentos cardíacos aumentam de intensidade. Tudo porque, no ano de 2003, a autora americana lançou “As Crónicas de Spiderwick”, cinco fantásticos livros – com ilustrações de Tony DiTerlizzi – que contam as aventuras dos gémeos Jared e Simon e, também, da irmã mais velha Mallory, depois de se mudarem para a mansão da tia Lucinda Spiderwick, onde descobrem o Guia de Campo: um livro sobre criaturas mágicas que os lança numa incrível aventura que parecia quebrar todas as dinâmicas habituais dos livros do género apontados aos jovens leitores.
Lançado este ano, “A prova do ferro” (Planeta, 2014) é um livro escrito a quatro mãos. Duas de Holly Black e outras duas de Cassandra Clare, autora conhecida pelos livros da série “Caçadores de Sombras”. O livro dá início a Magisterium, uma saga de cinco volumes que irá acompanhar o jovem Callum Hunt na escola Magisterium, onde os aprendizes de Magos são treinados. A acção de cada um dos livros – um pouco à semelhança da saga Harry Potter – irá decorrer durante cada um dos cinco anos de aprendizagem.
A história gira à volta de Callum Hunt, que perdeu a mãe quando ainda era bebé e se tornou, com o tempo, muito inseguro, criado por um pai que, após a morte da mulher, decidiu não mais praticar qualquer tipo de magia. Quando aproxima o dia da Prova de Ferro, todos os miúdos estão desejosos de fazer uma boa prova. Todos menos Callum. Afinal, o pai explicou-lhe que o Magisterium não passa de uma armadilha fatal, e que deverá fazer tudo para não conseguir entrar na escola. O que até não deverá ser difícil, já que Callum se considera um zero à esquerda, começando pela deficiência que tem numa das pernas e que o impede de fazer o que os rapazes e raparigas da sua idade fazem, algo que o leva a ser gozado pelos colegas de turma desde tenra idade.
Ao querer tanto falhar Callum acaba por dar nas vistas e, mesmo sendo o último classificado de um longa lista, vê-se escolhido como um dos três pupilos que serão treinados pelo mestre Rufus, o Mago mais reputado da escola Magisterium. Impedido de abandonar a escola, Callum irá aprender a dominar os quatro elementos, a que se irá juntar um quinto, o mais perigoso de todos eles: o fogo quer arder; a água quer fluir; o ar quer ascender; a terra quer unir; o caos quer devorar.
Aqueles que conseguem dominar o quinto elemento são conhecidos como makares, os únicos que poderão fazer frente ao Inimigo da Morte que, quando passou pelo Magisterium, ficou encantado com o poder do caos, acabando por matar o seu irmão numa experiência que correu muito mal. Desde então vive obcecado com trazer de volta os mortos, criando por acidente os reféns do caos: criaturas vazias, sem memórias ou personalidade própria, ao serviço da pura destruição. A má notícia é que o Inimigo da Morte está demasiado perto, preparado para interromper um pacto de paz que dura há doze anos. A mesma idade de Callum. Enquanto cria amizades e colecciona inimigos, Callum irá ver revelado o que aconteceu no dia da morte da sua mãe, aproximando-se de uma verdade demasiado assustadora. Estará ele à altura do desafio?
Apesar de algumas semelhanças com a saga Harry Potter, Magisterium é uma história possuída pela originalidade, revelando-se este “A prova de ferro” como uma das mais entusiasmantes edições de 2014 apontadas aos jovens leitores – de idade e de espírito. O segundo livro da série – “The Copper Gauntlet” no original – tem edição prevista para 2015. A espera promete ser longa e dolorosa.
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