Em “As três princesas pálidas” (Kalandraka, 2016), navegamos pelo território dos contos clássicos. Um monarca, já ancião e com vontade de gozar merecidamente a reforma, decide colocar nas mãos do povo a escolha do seu sucessor. O escrutínio popular está, porém, pouco entusiasmado em relação às três filhas do monarca: “Rainha? Nenhuma das que insinua! São tão pálidas como a lua!” O rei decide então recolher aos seus aposentos, perguntando aos seus botões o que poderá fazer para que as suas filhas brilhem com luz própria.
É então que, à vez, cada uma das filhas decide tentar os destinos da governação: a mais velha bebe “de uma só vez a seiva de sete estrelas,o sumo de três cometas e uma parcela de céu completa”; a do meio “atravessou montanhas a galope, percorreu vales, rebolou-se nos prados e deixou-se abraçar por todas as trepadeiras e heras que encontrou pelo caminho”; a mais nova “fechou-se no quarto e passou a noite a chorar, apoiada no parapeito da janela até adormecer profundamente”. Quem, de entre elas, será escolhida para liderar os destinos da nação?
María José Martin faz uso de uma estrutura repetitiva e de diálogos em rima, indo também buscar os astros e o seu lado mágico e encantatório, revelando um universo de emoções que vão da cobiça à bondade, da presunção à humildade.
As ilustrações de Carole Hénaff têm o ar de serigrafias impressas a lápis de cera, recriando o imaginário e os cenários de As Mil e Uma Noites num curioso jogo de perspectivas e composições luminosas.
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