Ao quarto tomo da saga de Sam Capra, um ex-espião da CIA, o norte-americano Jeff Abbott faz-nos chegar mais um excelente livro de acção que nos leva ao coração da quente Miami, cidade que serve de cenário para mais uma viagem ao meandro de um mundo que mistura legalidade com subterfúgios vários que se escondem por trás dos mais insuspeitos personagens.
Depois de “Adrenalina”, “O Último Minuto” e “Queda”, “Infiltrado” (Asa, 2014) tem a sua génese quando Steve Robles, um dos mais frequentes clientes de “Stormy’s” – bar propriedade de Capra que exibe posters dos Miami Dolphins misturados com fotos de gente como Hemingway – é assassinado. Tal acontece à porta do referido estabelecimento e apanha todos de surpresa.
Para além de lamentar a morte do seu amigo, Sam tem para com Steve uma divida de gratidão eterna e tudo fará para puder ajudar a resolver este crime. Se em tempos foi Robles que salvou Capra e a sua família em terras de África, hoje, em Miami, está na hora de retribuir favores.
Sam Capra está determinado em encontrar o assassino e fazer justiça, pelas suas próprias mãos e meios. Sem grandes suspeitas, Capra tem na mulher desconhecida que acompanhava Steve minutos antes da sua morte o ponto de partida para a sua investigação. Quem é ela? Que queria de Steve?
As perguntas são muitas e Sam quer encontrar respostas, a todo o custo. Para isso serve-se do seu antigo disfarce dos tempos de agente da CIA e faz renascer Sam Chevalier, personagem que vai infiltrar-se no seio dos Varela, uma das mais importantes e perigosas famílias de Miami.
As primeiras e espantosas revelações desta “missão” levam Sam a descobrir que a ligação entre Steve e Cordelia, o nome da misteriosa mulher que o acompanhou nas suas últimas horas de vida, teve o seu início quando a atraente mulher contratou Robles para um trabalho de segurança realizado em Porto Rico.
Sam evolve-se com Cordelia e consegue aceder ao coração da família Varela mas tal coloca o antigo agente da CIA em um perigoso jogo que pode significar a sua morte mediante o mais pequeno deslize. Quis o destino que, nos primeiros contatos com os Varela, Sam consiga salvar Rey Varela, o patriarca da família, tornando-se assim numa espécie de herói acidental, papel que não cai muito bem junto de Galo e Zhanna, os dois irmãos, ou meios-irmãos, de Cordelia.
Sempre no limite e com o amargo sabor a fel por perto, Sam Capra é completamente arrastado para um terrível drama familiar, cujo labirinto revela os fantasmas dos elementos da família Varela que são sinónimo de segredos assassinos.
Pai e filhos vivem sucessivas relações destroçadas e a autodestruição é um passo mais que esperado. Essa torrente de acontecimentos vai colocar em dúvida a operação levada a cabo por Sam que se depara com um segredo que pode significar a sua morte.
Com uma narrativa na linha de autores como James Patterson ou Janet Evanovich, Abbott cria uma trama muito ao estilo dos filmes de acção made in Hollywood, onde a dinâmica e a adrenalina dos acontecimentos leva o leitor a devorar as páginas de “Infiltrado” num ápice, livro cuja fórmula de sucesso está alicerçada numa portentosa amálgama entre momentos de puro dramatismo, suspense e uma carga fortemente emotiva.
Escrito e relatado na perspectiva de Sam Capra, o mais recente livro do autor que já venceu o International Thriller Writers Award e foi nomeado três vezes para o Edgar Award, é um elogio ao (bom) entretenimento e faz jus aos restantes episódios da saga Capra, desta vez através de uma viagem ao outro lado do poder onde as jogadas de bastidores, o contrabando, a tortura e os abusos de poder justificam todos os meios, nem que o acto assassino seja uma das armas utilizadas.
Mesmo para quem nunca leu nenhum dos outros livros que Jeff Abbott dedicou a Sam Capra, “Infiltrado” foi construído de forma a ser bem compreendido pelos leigos da saga, sendo frequentes as contextualizações sobre o passado do personagem principal, sem dúvida um dos mais interessantes nomes do universo dos thrillers e policiais contemporâneos.
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