Vivemos tempos estranhos, seja na relação entre a vizinhança humana ou na forma como as espécies vão, dia após dia, entrando naquela fase onde já só existem na imaginação ou nos livros de biologia. “Estranhas Criaturas” (Orfeu Negro, 2016), de Cristina Sitja Rubio, reflecte sobre a inócua convivência dos seres humanos com os animais e as plantas, apresentando uma utopia ilustrada que recorda, de certa forma, o Éden bíblico.
Num dia como os outros na floresta, os animais deparam-se com um cartaz que promete “Festa”, seguido de setas que os leva a um lugar de sonho: dançam merengue, salsa e chachachá; comem bolo de chocolate como se não houvesse amanhã ou se o estômago tivesse perdido o fundo. Porém, quando regressam a casa tudo mudou. Agora já não podem abrigar-se debaixo das árvores ou obter alimentos, porque essas estranhas criaturas lhes destruíram o habitat. Decidem então pôr em marcha um plano que lhes devolva o que perderam, recorrendo aos animais de estimação para ultrapassar o impossível diálogo entre espécies que não partilham um mesmo alfabeto.
Neste álbum de grande formato, as ilustrações surgem carregadas de pormenores e sobreposições, que acabam por resultam melhor em algumas páginas do que em outras. Porém, talvez tenha sido essa a ideia da autora e ilustradora: mostrar de forma algo caótica a forma como o homem tem destruído aquilo que de mais precioso lhe foi oferecido – a Natureza.
Cristina Sitja Rubio nasceu na Venezuela e vive actualmente entre Barcelona e Berlim. Estudou Design e Fotografia, dedicando-se mais tarde à ilustração. Tem exposto o seu trabalho um pouco por todo o mundo, tendo em2914 sido seleccionada para a Ilustrarte – Bienal Internacional. Em 2011 e 2012 participou na Exposição de Ilustradores da Feira do Livro de Bolonha. Publicou já vários livros para crianças, sendo “Estranhas Criaturas” o primeiro a ser editado em Portugal.
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