Não deixa de ser verdade que daqui ao Natal e à despedida de 2016 são três dias, mas, até lá, ainda podem contar com um plano de edições desenhado a régua e esquadro e pintado a Tinta-da-china. A editora, responsável pelas mais bonitas capas do mercado, preparou um plano de edições que, de Nelson Rodrigues a Ricardo Araújo Pereira, de mais uma Granta a novos títulos nas colecções Pessoa, Literatura de Viagens ou Ephemera, tudo tem para proporcionar aos leitores momentos de verdadeiro gozo literário.
Nas livrarias estão já “A Vida como Ela É…” (contos) e “O Homem Fatal” (crónicas), de Nelson Rodrigues, com selecção e prefácio de, respectivamente, Abel Barros Baptista e Pedro Mexia. É a primeira vez que a obra de Nelson Rodrigues começa a ser consistentemente publicada em Portugal, estando a publicação de “A Menina sem Estrela”, um livro de memórias do autor, agendada para 4 de Novembro.
Está também já disponível “Meio Intelectual, Meio de Esquerda”, de Antonio Prata, um dos maiores cronistas brasileiros da actualidade publicado pela primeira vez em Portugal.
Ainda este mês – 30 Setembro, com lançamento a 29 na Fundação Calouste Gulbenkian e apresentação de Clara Ferreira Alves e Teresa Patrício Gouveia – será publicado “Administração Hillary”, de Bernardo Pires de Lima e Raquel Vaz-Pinto, num ano em que pela primeira vez na história é possível que uma mulher chegue à presidência dos EUA.
Depois de publicar “Dicionário de Lugares Imaginários” e “Uma História da Curiosidade”, a Tinta-da-China dá continuidade à publicação da obra de Alberto Manguel com “A Biblioteca à Noite” (nas livrarias a 14 de Outubro). A partir da sua mítica biblioteca pessoal, Alberto Manguel, um dos maiores bibliófilos do mundo, conta-nos tudo o que sabe sobre a história, o fascínio e os enigmas das bibliotecas.
Ainda em Outubro será lançado “O Massacre Português de Wiriamu: Moçambique, 1972”, de Mustafah Dhada, que recupera um episódio trágico que pertence tanto à história de Moçambique como à de Portugal, ocorrido a 16 de Dezembro de 1972. Os métodos bárbaros utilizados pelos soldados portugueses na extinção da aldeia de Wiriamu marcam um dos mais negros acontecimentos da história colonial (nas livrarias a 21 de Outubro).
O novo e muito aguardado romance de Alexandra Lucas Coelho, “Deus-dará – Sete Dias na Vida de São Sebastião do Rio de Janeiro, ou o Apocalipse segundo Lucas, Judite, Zaca, Tristão, Inês, Gabriel & Noé”, chega às livrarias a 4 de Novembro, mas será precedido de uma apresentação a 28 de Outubro. Trata-se de um romance passado agora mas que atravessa quinhentos anos de história entre Portugal e Brasil.
Depois de receber o Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco / APE com “Gente Melancolicamente Louca” (em 2.ª edição), Teresa Veiga verá reeditado o seu livro de contos intitulado “O Último Amante” (nas livrarias a 25 de Novembro).
A fechar o 11º mês do ano há “Liberdade, Liberdade: Diário de um preso político no século XXI”, de Luaty Beirão (título ainda provisório), que surge no âmbito do famigerado «Processo dos 15», que manteve em cativeiro, sem fundamento legal, 15 activistas e dissidentes políticos angolanos, acusados do crime de lerem um livro de Gene Sharp. Ao diário segue-se uma entrevista de vida feita por Carlos Vaz Marques, onde Luaty conta na primeira pessoa todo o processo de que foi alvo (nas livrarias a 25 de Novembro).
Depois de várias compilações de crónicas, o menino bonito Ricardo Araújo Pereira chega-se à frente com “A Doença, o Sofrimento e a Morte Entram num Bar: Uma espécie de manual de escrita humorística”, um ensaio sobre escrita humorística pela mão de quem conta e escreve piadas como ninguém. Nas livrarias a 2 de Dezembro.
O oitavo número da Granta portuguesa, a revista literária dirigida por Carlos Vaz Marques, chega às livrarias a 4 de Novembro. Desta vez, o tema é Medo.
No campo das colecções podem contar também muita animação: à Colecção de Literatura de Viagens, de Carlos Vaz Marques, junta-se agora “Crepúsculo em Itália”, de D. H. Lawrence (sai a 21 de Outubro). Em 1912, quando tinha 27 anos, D.H. Lawrence viajou para o estrangeiro pela primeira vez e passou quase um ano imerso na vida rural italiana. Trata-se de um clássico da literatura de viagens, onde o autor utiliza a paisagem e as pessoas que conheceu como pano de fundo para reflexões mais profundas sobre a filosofia, a vida, a natureza, a religião e o destino dos homens, com muito de nostalgia e ainda mais de premonição; na Colecção Pessoa, dirigida por Jerónimo Pizarro, será publicada a “Obra Completa de Ricardo Reis”, reunida pela primeira vez num só volume e incluindo vários inéditos, mantendo a ortografia original de Pessoa (nas livrarias a 28 de Outubro); na muito estilosa Colecção Ephemera, dirigida por José Pacheco Pereira, está agendada a publicação de “Uma Nova Concepção de Luta: Materiais para a história da LUAR e da resistência armada em Portugal”, de Fernando Pereira Marques, que reúne material inédito sobre as organizações que contribuíram para a queda do regime de Salazar – com particular ênfase na LUAR (Liga de Unidade e Acção Revolucionária) – e e apresenta um conjunto de documentos, passaportes, fotografias e panfletos, todos provindos do espólio do Arquivo Ephemera (nas livrarias a 14 de Outubro); no mundo dos versos, das quadras e das rimas, a Colecção de Poesia, dirigida por Pedro Mexia, verá a entrada nas suas fileiras de “Alguma Coisa Negra”, de Jacques Roubaud (nas livrarias a 18 de Novembro).
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