Para muito bom leitor, a incursão ao mundo literário, feito de páginas brancas e letras impressas a negro, terá sido precedida por um mergulho num universo bem mais colorido, verbalmente mais contido e, muitas vezes, habitado por um grande sentido de humor: a banda desenhada.
Os exemplos são muitos, de Tintin ao Spirou, dos super-heróis às tiras da Mafalda, de Corto Maltese a Calvin & Hobbes. Ou, claro, as BD’s da Disney (Goody, 2016), habitadas por um milionário sovina, um tipo que nasceu com toda a sorte do mundo, um outro que parece ter caído numa poção do azar em pequeno, um palerma dos pés à cabeça, um vilão quase obeso, duas babes e um trio de gémeos de quem nunca se conheceu pai ou mãe. Trata-se do mundo de Tio Patinhas e seus pares, que continua a ser servido às tiras em muito bom quiosque nacional. Nos últimos meses chegaram-nos às mãos quatro edições, ideais para levar para a praia ou servir de impulso de final de noite para um sono descansado.
As edições da Hiper Disney apresentam histórias diversas e sem um tema genérico. A Hiper Disney #41 apresenta, entre outras, a história de Mickey e os Homens-Vespa, escrita por Romano Scarpa em homenagem a Floyd Gottfredson. Há também Marco Rota, que marca presença com um dos seus grandes clássicos, A Noite do Sarraceno. Já na Hiper Disney #42, o grande destaque vai para Olá, Minnotchka!, uma adaptação livre de Scarpa do filme Ninotchka, realizado por Ernst Lubitsch em 1939 e protagonizado por Greta Garbo. A história foi publicada na revista semanal Topolino e causou séria polémica em Itália, com Scarpa a ser acusado de ser anti-comunista e um potencial monárquico. O barulho foi tanto que a BD apenas foi republicada em Itália em 2014, quando estava a ser publicada a obra completa de Romano Scarpa.
O especial História e Glória da Dinastia Pato mostra que mesmo na Lua há que defender a fortuna com patas e penas, e nada melhor que o Tio Patinhas para uma tarefa de gravidade zero. Já o especial Piratas e Marujos promove a despedida da série Histórias da Baía, protagonizada pelo Peninha e o Capitão Mobidique – uma sátira ao romance O Corsário Negro, de Emilio Salgari -, para lá de histórias temáticas que regressam ou de personagens que ainda não se haviam estreado em Portugal. Os patos que não envelhecem continuam em muito boa forma.
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