Se há editora dedicada ao universo infantil que, como uma espécie de Houdini, se tem fartado de tirar coelhos do chapéu, ela é certamente a Planeta Tangerina. Para lá dos álbuns de infância que fazem parte o ADN de qualquer editora que pisa este território, a Planeta tem arriscado entrar noutros domínios, sejam eles a colecção Dois Passos e Um Salto, dedicada a um público mais crescido – da qual fazem parte o fabuloso “Irmão Lobo” ou a BD de fim de adolescência “Finalmente o Verão” – ou, apontando à relação do homem com a natureza, títulos como “Lá Fora”, uma incrível enciclopédia naturista que mostra aos mais novos um mundo cada vez mais escondido dos seus olhos, e que os impulsionará a saltar os muros de cimento rumo a territórios mais verdejantes. Neste último plano, é de saudar mais um projecto especial da editora: Um Ano Inteiro” (Planeta Tangerina, 2016), uma agenda para explorar a natureza que poderá ser começada em qualquer dia do ano (e num ano qualquer).
“Pouco interessa se falamos de aves, peixes, borboletas, anfíbios, flores ou pessoas. A mudança faz parte da nossa natureza – até da natureza das rochas! – e, se os ecossistemas estão em equilíbrio como desejamos, plantas, animas e paisagens transformam-se. Em cada mês, ao longo das quatro estações do ano, no decorrer dos 365 dias que a Terra demora a dar uma volta completa ao Sol.”
O livro é o sucessor natural de “Lá Fora”, mais um complemento, apresentado como uma agenda semanal que inclui alguns conteúdos mas, sobretudo, propostas de actividades. Um livro sobre a natureza de Portugal e que fala das espécies e dos habitats que podem ser encontrados por cá.
A leitura do livro pode ser iniciada a qualquer momento mas, para aqueles que pretendem começar a aventura logo na primeira página, então terão de esperar pelo dia 21 ou 22 de Dezembro, altura do Solstício de Inverno.
Há aqui, por entre ilustrações, fotografias e um trabalho gráfico exemplar, um ano inteiro de propostas, passeios e observações. As sugestões são variadas, imaginativas e muitas vezes desafiadoras: montar uma caixa ninho; aprender a identificar nuvens; descobrir as estrelas; fazer um passeio de olhos fechados (em boa companhia); sair à noite para ouvir os anfíbios; construir um baloiço; sair à caça de pegadas; distinguir as árvores pelas folhas; visitar uma ilha; procurar pirilampos; observar a labuta das formigas; apanhar conchas ou amoras; observar morcegos. Tudo intercalado com muitas páginas para desenhar e escrever observações, fazendo desta agenda um diário pessoal, gráfico e literário de um ano dedicado à descoberta da natureza.
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