O primeiro embate da criançada com o universo do ensino profissional, normalmente designado por escola primária, faz com que muitos catraios cheguem a casa e, sem pensar duas vezes, digam algo muito parecido a isto: “A minha professora é um monstro!” (Orfeu Negro, 2014).
Peter Brown escreveu e ilustrou a história ideal para professores e alunos incompreendidos, que mostra a sala de aula como um pequeno aquartelamento onde, para além do ABC e do 1+1=2, se exige uma disciplina que consiga refrear algum do bicho-carpinteiro tão natural – e também necessário – em tão tenra idade.
Esta é a história do Frederico, um rapaz com dotes de traquina que, na escola, designou prontamente o seu maior problema: a Dona Lurdes, nem mais nem menos que a sua professora. Segundo ele, a Dona Lurdes batia com os pés, rugia e dizia coisas como isto: “Os meninos que atiram aviões de papel na aula ficam sem intervalo.” Para Frederico, ele próprio um amante das aeronáuticas construídas à base de folhas de papel, não restavam dúvidas. A Dona Lurdes era um monstro verdadeiro, uma versão escolar da Mulher Hulk.
O refúgio de Fred era um parque verdejante, onde passava o tempo livre a tentar esquecer os problemas com a professora. Porém, num Sábado de manhã a caminho do seu sítio preferido, eis que dá de caras com a professora, não lhe restando outra coisa a não ser sentar-se no mesmo banco de jardim e trocar algumas frases de circunstância. Até que o vento faz das suas e arranca da cabeça da Dona Lurdes o seu chapéu preferido, cabendo a Frederico desempenhar o papel de herói. O dia, estranhamente, acaba por revelar-se uma pequena surpresa para o pequeno Frederico, mas na segunda-feira a interrogação persiste: continuará a Dona Lurdes a ser um monstro?
Com ilustrações que têm na natureza a sua maior inspiração e papel de cenário, Peter Brown constrói uma muito bem-humorada história sobre a dupla personalidade, mostrando que o monstro que habita em cada um de nós não nos torna, obrigatoriamente, criaturas verdes e tenebrosas. Ou, como diriam os nossos avós, o respeitinho é muito bonito. Sobretudo na sala de aula.
1 Commentário
LI HOJE ESSE LIVRO E AMEI,SOU PROFESSORA DE EDUCAÇÃO INFANTIL ,E TEM DIAS REALMENTE RSS…QUE ESTAMOS MAIS PRA MONSTROS .MAS TENHO MEUS DIAS DE FADA MADRINHA TAMBÉM.PARABÉNS PELO LIVRO.