No prefácio a “História do Mundo Medieval” (Círculo de Leitores, 2016), o segundo volume da Biblioteca de História Larousse, Georges Duby levanta uma questão pertinente, resumida mais ou menos desta forma: por que razão e a partir de finais do século VXI, os europeus se habituaram a chamar Idade Média ao longuíssimo período da sua história compreendida entre o início do século V e o fim do século XVI?
Georges Duby aponta baterias – e sobretudo explicações – ao facto de se aliar, a este extenso período temporal, conceitos como “mediano”, “intermediário”, medíocre” ou “negligenciável” e, talvez, por se achar que a alta cultura – ou cultura clássica – havia tido o seu enterro com a derrocada do Império Romano, ressuscitando apenas quando se avistaram as luzes do Renascimento. Diz ainda Georges Duby: “A Idade Média continua a ser, nos nossos espíritos, aquela época esquecida e misteriosa.”
Tendo presente que a noção de Idade Média se aplica apenas à Europa, o livro tenta fazer – ainda que não muito a fundo – um paralelo da civilização europeia em relação às outras civilizações do mundo, ao longo de onze séculos onde a História continua a ser dominada pela oposição e conflito permanentes entre povos nómadas e sedentários.
Neste volume, onde a batuta foi (muito bem) entregue a Georges Duby, os melhores especialistas propõem uma história panorâmica que começa com as invasões bárbaras e termina com a descoberta da América, e onde há espaço para os Incas, os Árabes, os Húngaros ou os Mongóis de Gengis Khan. Terminamos com o resumo da contracapa, quase feito em modo back to the future mas ao contrário, de uma colecção feita de entradas curtas e sintéticas e que acrescenta, à linguagem histórica e factual, um tom mais literário, transformando a História em muitas histórias que se lêem como pequenos contos.
“Na mesma altura em que Dagoberto se torna rei dos francos, Maomé entra vitorioso em Meca. Harun al-Rashid, o mais famoso dos califas de Bagdade, e herói de vários contos de As Ml e Uma Noites, faz uma aliança com Carlos Magno. O templo de Angkor Vat e a abadia de Cluny são concluídos quase ao mesmo tempo. A fortaleza do Grande Zimbabué rivaliza com as pirâmides astecas. Enquanto Guilherme, o Conquistador, prepara a invasão da Inglaterra, os sábios chineses constroem o primeiro relógio astronómico. A harmonia zen seduz o Japão, mas a Guerra dos Cem Anos semeia o ódio entre a França e a Inglaterra…”
Outros volumes:
Sem Comentários