Pode dizer-se que, aos aos vinte e sete anos, Chris Colfer já teve direito a bem mais do que os 15 minutos prometidos por Andy Warhol: foi premiado com o Globo de Ouro para Melhor Actor Secundário pela série Glee e, em 2011, considerado pela revista Time como uma das 100 personalidades mais influentes do mundo.
Não contente com isso, Colfer dedicou-se a escrever uma série literária dedicada aos mais jovens – The Land of Stories, no original – que, em Julho, conhecerá internacionalmente o seu quinto capítulo. Em Portugal, acaba de ser publicado o primeiro livro da série, intitulado “A Terra das Histórias: O Feitiço dos Desejos” (Editorial Presença, 2016).
“A única alma que tive morreu há muito e o único coração que vais encontrar em mim é feito de pedra.” As palavras pertencem à Rainha Malvada, uma das personagens do universo Disney com lugar cativo nesta história, que gira à volta de dois irmãos gémeos tão parecidos quanto o são a lua e o sol.
Alex Bailey é uma aluna modelo de alma solitária, sem amigos, que normalmente come sozinha na companhia de um livro. Quanto a Conner Bailey, o irmão, tem tantas dificuldades de concentração que adormece dia sim, dia sim com a cabeça na secretária, para desespero da Sra. Peters – a professora. Em relação a esta, Alex partilha de uma mesma ideia: a de que “a solução de quase todos os problemas pode ser encontrada no final de um conto de fadas.”
No dia em que completam doze anos, a avó oferece-lhes o seu livro mais precioso, intitulado “A Terra das Histórias”. Ao fim de alguns dias, Connor – mas também a professora Peters e os colegas de sala – pressente que há algum problema com a irmã, que deixou de querer responder a todas as perguntas e, estranhamente, parece andar distraída. Confrontando a irmã, esta diz-lhe que o livro que a avó lhes passou para as mãos brilha e zumbe, e que talvez a melhor maneira de resolver a questão seja destruí-lo. Porém, por descuido ou por culpa de um empurrão do destino, vêem-se atirados para dentro do livro, indo parar a uma terra onde vivem todas as personagens que conheciam dos livros: Caracóis de Ouro, Branca de Neve, Capuchinho Vermelho mas, também, lobos ferozes e trolls mal-dispostos.
Para regressarem a casa, os irmãos terão de completar o Feitiço dos Desejos, mas para isso precisam de reunir oito objectos apresentados sob a forma de enigmas, entre os quais estão “uma bola de cristal que albergou uma alma solitária até ao toque da meia-noite” ou “uma coroa de pedra feita para partilhar, no fundo de um covil selvagem encontrada”. Nesta corrida, porém, não estão sozinhos, e cedo irão descobrir outra dificuldade extra para quem tem companhia na caça: o Feitiço só poderá ser usado uma vez.
A partir da matéria-prima do universo da Disney, Chris Colfer desenhou uma história alternativa ao e viveram felizes para sempre, apontada àqueles leitores que estão prontos para deixar a infância e a juventude para trás mas que, ao mesmo tempo, não se importarão com olhar para trás para reverem a matéria-dada pelas muitas histórias de encantar. Em suma, cumpre-se aquilo que C.S. Lewis disse em tempos: “Um dia virá em que terás idade suficiente para recomeçares a ler histórias de fadas”.
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