“A ficção é para o homem adulto o que o brinquedo representa para a criança”. Esta frase, atribuída ao escocês Robert Louis Stevenson, representa não apenas o espírito da sua obra mas, sobretudo, o poder da Literatura enquanto mundo alternativo, um mergulho num mundo paralelo onde o leitor se torna um outro, viajando até mundos distantes e fazendo, da impossibilidade, o seu dia a dia.
Nascido em Edimburgo a 13 de Novembro de 1850, Stevenson nunca quis seguir as pisadas do seu pai como Engenheiro Civil, fosse pela sua pouca saúde, a pouca vontade ou o apelo por uma vida de cariz mais boémio. Acabou por entrar em conflito com a família, de moral presbiteriana, mas ainda assim completou o curso de Direito, sabendo, já aí, que seria a escrita a marcar o seu percurso.
Em 1883, já a viver na Califórnia e depois de uma primeira aventura por terras francesas – onde conheceu a futura mulher -, escreveu o seu primeiro romance e aquele que o eternizou para a história da literatura: “A Ilha do Tesouro” (Guerra & Paz, 2016) que, pela mão da Guerra & Paz, chega agora às livrarias numa recomendada reedição, que prossegue a aposta da editora em recuperar alguns dos clássicos da Literatura (como “Os Maias”, “Os Lusíadas” ou “O Amante de Lady Chatterley”).
Esta é, sem dúvida alguma, a mais popular história de piratas de todos os tempos (e uma das mais fantásticas). Estamos “no ano de graça de 17..”, e quem nos conta esta história é o jovem Jim Hawkins – não tão jovem no momento em que nos relata esta aventura -, que regressa “à época em que o meu pai era gerente da estalagem Admiral Benbow e o velho marujo tostado pelo sol e com o rosto marcado pelo golpe de um sabre se abrigou pela primeira vez sob o nosso tecto.” E que, invariavelmente, cantava a plenos pulmões “aquela velha canção de marujos que mais tarde tantas vezes iria cantar:
Quinze homens no baú do morto…
Yo-ho-ho e uma garrafa de rum!”
Quando este velho marinheiro morre na estalagem em circunstâncias misteriosas, Jim fica com o baú deste, onde se encontra um mapa que revela o caminho para o valioso tesouro escondido durante a vida do Capitão Flint, “o mais sanguinário dos piratas que alguma vez cruzou os mares.” Jim não é, porém, o único a saber da existência do mapa, procurando refúgio junto daqueles que com ele viajarão sobre as águas em busca do ouro e da glória: o honesto – e cheio de regras – Capitão Smollett, o heróico Dr. Livesey e o bondoso mas sempre desbocado Squire Trelawney. Porém, a bordo do navio nem tudo é o que parece, e Jim terá de ir contra muitos dos seus princípios e ensinamentos para salvar a sua vida e a dos seus amigos (e, se possível, encontrar o tesouro).
Livro marcado pela perda da inocência, “A Ilha do Tesouro” continua a ler-se como uma aventura enorme, regada a rum ou brandy – não impera aqui a máxima “se combater, não beba” – para toldar ainda mais uma imaginação que fervilha ao desfilar por entre estas páginas. Esta edição inclui ainda um texto final e muito revelador do próprio Stevenson, que conta muito sobre o ofício da (sua) escrita e todo o processo de pesquisa – incluindo os mapas – que o levou a criar uma incrível história de aventuras onde, pela primeira vez na Literatura, um mapa fez parte de uma história de ficção. Para aqueles que ainda estão reticentes, fica um excerto do texto que antecede o livro, intitulado “A quem ainda hesita em comprá-lo”. Deixai-vos seduzir:
“Se as histórias de marinheiros acompanhadas pelas canções que eles cantam, se as tempestades e as aventuras, o calor e o frio, se escunas e ilhas, náufragos em ilhas desertas, corsários e tesouros enterrados, se o romance à moda antiga, contado exactamente como dantes se contava, podem agradar como antigamente agradavam à mais avisada juventude de hoje… Pois que assim seja: deixai-vos seduzir.”
4 Commentários
olha a historia foi boa mas não e o primeiro livro a ter mapas e piratas não o livro ”A Ilha Misteriosa” foi criada primeiro que esse livro.
Gabriel, realmente não foi o primeiro mas foi o que mais popularizou a temática. Muitos elementos como o “X” no local do tesouro, o papagaio, a perna de pau e etc, vieram do “A Ilha do Tesouro”.
Muito bom! Adoro esse livro.
Tem um autor nacional, chamado Leonardo Henrique Galvão, que publica livros com histórias de piratas que se passam no Brasil. O primeiro era de contos “Contos e Encontros Piratas”, e recentemente lançou um chamado “Insular” que se passa em Ilhabela. Vale a pena conhecer esse autor e suas histórias.
Beijinhos!!!!
o livro e bom com varias historias e talss, so que tenho que fazer uma prova sobre ele dia 26 odio