Autor, ilustrador e realizador de animação, Benji Davies vive em Londres, tendo-se estreado na literatura para crianças em 2014 com o livro “A Baleia” (Orfeu Negro, 2016). Uma estreia que equivaleu a qualquer coisa como entrar com os dois pés direitos na dupla tarefa de escrever e ilustrar, uma vez que levou para casa o Oscar`s First Book 2014. Por falar em estreia, este é também o primeiro trabalho de Davies a ser publicado em Portugal.
O livro conta a história de Noé, uma criança que vive com o pai mesmo à beira-mar, juntamente com meia dúzia de gatos. Vive é como dizer, uma vez que o pai sai de casa bem cedo todas as manhãs para trabalhar o dia inteiro no seu barco de pesca, apenas regressando quando o escuro está já instalado.
Um dia, enquanto passeava à beira-mar para ver o que tinha mudado durante a tempestade nocturna, Noé encontra uma pequena baleia junto à costa, que com muito esforço e engenho leva para casa para que esta se sinta confortável – e que melhor lugar que uma banheira com água sempre fresca? Noé conta-lhe muitas histórias sobre a vida na ilha e, quando o pai regressa a altas horas, opta por manter o segredo. Mas logo o pai descobre a pequena baleia e o pequeno segredo mas, mais importante que isso, algo muito mais importante que parecia ter esquecido.
Para além de uma história muito bem montada sobre a amizade, o isolamento, a família e os possíveis novos começos, “A Baleia” apresenta desenhos de cortar o fôlego. Cada uma das ilustrações – muitas apresentadas em página dupla – é um quadro que poderia estar pendurado num aprumado museu da ilustração, onde se encontra uma grande atenção ao detalhe, um perfeito equilíbrio entre as cores, um fantástico jogo de profundidades, uma utilização sublime do contraste entre a luz e as sombras. Seja numa praia solarenga, à mesa de refeição, no interior de um quarto-de-banho com vista para a praia ou no meio de uma tempestade em mar alto, as ilustrações de Benji Davies têm o poder de puxar o leitor para dentro do livro, fazendo-o viver intensamente esta epifania familiar junto à costa. Um hino à ilustração e à arte de contar histórias.
2 Commentários
praia solarenga? até aqui se encontra este erro, num blogue sobre livros?
Na verdade, não se trata de um “erro”.
A palavra “solarenga” pode ser considerada sinónima de “soalheira”: https://www.priberam.pt/dlpo/solarenga
Apesar de ser uma questão… “polémica”:
http://linguamodadoisec.blogspot.pt/2008/01/solarengo-e-soalheiro.html