Originalmente publicada em 1977 e 1978 pela editora La Gaya Ciencia, de Barcelona, a Colecção Livros para o Amanhã – Livros para Mañana no original – está de volta às livrarias pelas mãos da Orfeu Negro, isto após em 2015 a espanhola Media Vaca, de Valência, ter decidido recuperar os textos antigos, juntando-lhes novas ilustrações e uma ou outra vírgula.
Composta por quatro títulos – “Como pode ser a Democracia”, “É assim a Ditadura”, “Há Classes Sociais” e “As Mulheres e os Homens” -, é curioso verificar que muitos dos problemas e interrogações se mantêm válidos quase quatro décadas mais tarde, nomeadamente em relação às diferenças entre classes e ao que opõe homens e mulheres, tanto social como laboralmente (ainda que, obviamente, muito tenha evoluído desde então).
Em “Há Classes Sociais” (Ideia e texto de Equipo Plantel, ilustrações de Joan Negrescolor), as descrições das três grandes classes sociais são um verdadeiro mimo. A classe alta “é como uma jaula na qual é quase impossível entrar e de onde ninguém quer sair“. A classe média “está a meio caminho de tudo. Não é rica de verdade nem pobre de todo. Tem medo de tudo: dos ricos porque são patrões, dos pobres porque lhes podem tirar o emprego“. Quanto à classe trabalhadora, ou classe baixa como lhe chamam alguns, “parece mais fraca, mas sabe que pode se mais forte se estiver unida.” Neste livro, que até poderia ser distribuído aos filhos de sindicalistas e militantes do partido da foice e do martelo, a punch line é dada no final: “Mas enquanto houver classes sociais… haverá luta de classes.”
Quanto ao título “As Mulheres e os Homens” (Ideia e texto de Equipo Plantel, ilustrações de Luci Gutiérrez), trata de desvendar desde logo uma verdade que, mesmo nos tempos modernos, tende por vezes a ser ignorada: “A inteligência, o trabalho e o valor não têm nada que ver com ser homem ou mulher. Na verdade, as mulheres e os homens são iguais em quase tudo. Só são diferentes por terem um sexo diferente.” Um livro que, mais do que feminista, dá um passo pelo justo tratamento entre os sexos.
Cada livro reserva para o final um inquérito – que poderá ser remetido para a editora – dirigido aos mais pequenos, apresentando também um texto que contextualiza a época em que foi escrito relativamente à nossa. Porque isto é como diz o provérbio: não leias amanhã o que podes ler hoje.
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