«A pergunta mais importante é: é o Yoda de Origami real?» É com esta questão recheada de existencialismo que tem início “O Estranho Caso do Yoda de Origami” (Booksmile, 2015), provavelmente um dos mais divertidos livros (recomendado a partir dos 9 anos) que os mais novos irão poder ler durante este 2015.
Mas situemos o leitor. O Yoda de Origami é um pequeno fantoche para enfiar num dedo real, feito de papel real, mas será de facto real? Conseguirá mesmo fazer coisas, prever o futuro, usar a Força?
Tommy, o narrador principal e obreiro deste livro, confessa que o Yoda de Origami o incitou a arriscar em relação a Sara, convidando-a para dançar no baile da escola. Indeciso sobre a veracidade do Yoda, Tommy decide recolher os testemunhos de todos aqueles que pediram conselhos ao Yoda e foram ajudados por ele em algum momento da sua vida. Para equilibrar a balança, todos os testemunhos terão um comentário de Harvey – e também do próprio Tommy -, o verdadeiro céptico, para quem o Yoda não passa de um «papel verde amarrotado».
Há ainda a participação de Kellen, que encheu o dossiê de rabiscos mas, dado que alguns dos desenhos quase parecerem pessoas «lá da escola», acabaram por ficar no livro. Quanto a Dwight, é o tipo que anda com o Yoda de Origami enfiado no dedo. Apesar de ser um verdadeiro cromo, é ele o verdadeiro mestre de origami – o Yoda é uma das suas criações, que fala através de si quando os conselhos são pedidos.
O que perturba Tommy e restantes companheiros tem quase tudo a ver com Dwight. Se fosse qualquer um entre eles, não teriam dúvidas em chamar ao Yoda “falso” ou “papel verde amarrotado”, mas quanto a Dwight a história é bem diferente. Como poderá um tipo que cava buracos no quintal e se enfia depois lá dentro, que cospe sumo para cima dos bolos dos outros, que anda um mês seguido com a mesma T-Shirt e gosta de ser tratado por Capitão Dwight” ou, ainda, que estala os dedos de uma forma irritante, dar tão bons conselhos, parecendo ter a capacidade de prever o futuro? É certo que a sua imitação da voz do Yoda é uma gigantesca fraude, mas os conselhos parecem realmente vir de uma dimensão habitada pela Força.
Há conselhos de todo o tipo, desde resolver problemas relacionados calças manchadas, contornar a pouca aptidão mostrada para o softball ou aprender a dançar o twist. O problema de Tommy é que o tempo se está a esgotar, tendo de decidir rapidamente se acredita nos conselhos de Yoda antes do dia do baile.
Com muito humor e alguma emoção, Tom Angleberger escreveu um livro bastante divertido sobre as agruras de um rapaz do sexto ano que, incapaz de tomar decisões por si próprio, procura conselhos junto de um sábio Yoda de papel, que acabará por ajudá-lo a descobrir, dentro de si próprio, a Força.
Para além do livro, os pequenos leitores encontrarão instruções para construírem o seu próprio Yoda de origami, tornando-se nos adivinhadores de serviço lá da escola. Mas as boas notícias não ficam por aqui: “Darth Papel Contra-Ataca”, o segundo livro da série – que tem um total de sete -, está já a caminho.
Alguns conselhos do Yoda de Origami que poderão ser muito úteis:
Ler um livro deverias
No nariz o dedo nunca deves enfiar
Ódio e vingança apenas ao lado negro conduzem
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