Chaz Bear, grande dinamizador daquilo a que alguém um dia se lembrou chamar de chillwave movement, tem assinado como Toro y Moi e desde 2010 algumas rodelas bem sumarentas – oito discos de estúdio até ao momento. Ele que, para além de cantor e compositor, vai fazendo as vezes de produtor e designer gráfico.
Acompanhado por um muito discreto trio – Anthony Ferraro (teclas e coros), Patrick Jeffords (baixo) e Andy Woodward (bateria) – a quem ficou entregue toda a envolvência sonora, Toro Y Moi – vamos chamar-lhe assim – levou à letra um dos temas do fresquíssimo “Outer Peace”, e trouxe ao Lisboa ao Vivo o seu New House, onde ao clássico beat capaz de fazer abanar a anca mais preguiçosa se juntam o hip hop, a pop e até algum espírito de baile.
Após uma entrada à Sérgio Conceição época 2018/19, a pista de dança abre ao terceiro tema com “Ordinary Pleasure”, e só faltou mesmo um Conan Osiris para escangalhar os telemóveis erguidos como sinais de trânsito. “Still Sound” mantém o corpo em rebuliço, tema que mistura a electrónica distópica dos Metronomy, o apelo espacial dos Pink Floyd e a sopa de cogumelos cozinhada pelos Tame Impala.
Saca-se da constituição universal dos direitos do bom dançarino e apresentam-se as “Laws of The Universe”, num tema habitado pela house de espírito old school e onde se convoca, a certa altura, o messias James Murphy e as tropelias realizadas ao serviço dos LCD Soundsystem. Não podia faltar uma visita ao casino de “Monte Carlo”, aqui a tocar o território do hip hop e a chegada de Chaz à frente como MC de serviço.
“Fading” é outro dos grandes momentos da noite, tema que soa quase como se os M83 tivessem caído no caldeirão enquanto Panoramix dava os retoques finais na sua poção – e na qual Toro e amigos recebem o equivalente a uma standing ovation; “Girl Like You” serena as águas e oferece alguns instantes de intimidade, celebrando-se o regresso à pista com “Who I Am”, malha algo tresloucada onde o limiar da parolice ficou a centímetros – em vez disso nasceu um malhão, bem ao estilo daquilo que os Hot Chip fizeram há uns bons aninhos.
“50-50” é um slow que poderia ser cantado num estádio, mas o que o esqueleto pedia eram momentos como “Freelance” que, a certa altura, resultou numa dança sincronizada fora de água, onde o sintetizador foi acompanhado por um coro que se fez ouvir bem alto.
A noite terminou ao sabor de “Rose Quartz”, house dos sete costados que, provavelmente, fez com que muito boa gente desse corda aos sapatos e rumasse a Santa Apolónia, tudo para manter a festa em lume brando. Vão em “Outer Peace” e que o House vos acompanhe, faltou dizer.
Fotografia: Tiago Ferreira
Promotora: Gig Club
Outros concertos com o selo Gig Club:
11 Junho: Bill Ryder-Jones @ MusicBox, Lisboa
12 Junho: Bill Ryder-Jones @ Hard Club, Porto
2 Julho: Molly Burch @ Pérola Negra, Porto
3 Julho: Molly Burch @ MusicBox, Lisboa
11 Setembro: Elena Setién @ Maus Hábitos, Porto
12 Setembro: Elena Setién @ MusicBox, Lisboa
16 Outubro: The Comet is Coming @ Hard Club, Porto
17 Outubro: The Comet is Coming @ Lux, Lisboa
23 Outubro: Efterklang @ LAV – Lisboa ao Vivo
24 Outubro: Efterklang @ Hard Club, Porto
22 Novembro: Robert Forster @ Passos Manuel, Porto
23 Novembro: Robert Forster @ MusicBox, Lisboa
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