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Royal Blood @ Campo Pequeno (28-10-2017)

Por Nuno Camões · Em 30/10/2017

“A música rock não existiria se não fossem os Led Zeppelin”, terá dito um dia Dave Grohl. “E se existisse, não seria nada de jeito.” O que também não existiria seria certamente o duo britânico Royal Blood, que tem uma sonoridade em tudo devedora da herança dos Zeppelin – não é por acaso que tanto Grohl como Jimmy Page se confessam fãs aguerridos da banda.

Depois de uma demolidora passagem pelo NOS Alive, este ano, onde apresentaram um dos melhores concertos do festival, havia alguma expectativa para os ver actuar em nome próprio no Campo Pequeno. À praça de touros acorreu uma massa de gente jovem – a média de idades andaria pelos vinte e muitos, trinta e poucos -, salpicada de t-shirts pretas de bandas como Motorhead, Led Zeppelin, Joy Division, Beatles – e, algures, uma improvável t-shirt do Papa Francisco.

Royal Blood, Campo Pequeno

Os Black Honey surgiram no palco banhado de luz azul quando eram 20 horas em ponto. O quarteto de Brighton apresentou o seu rock enérgico, de influência americana (há algo de banda sonora de Tarantino naquelas guitarras). A vocalista e frontwoman Izzy B Philips, loira platinada, de vestido verde alface, botas pretas e guitarra a tiracolo, situa-se algures entre Courtney Love (na voz) e Shirley Manson (na atitude). Um set eficaz, bem recebido pelo público, deixou uma impressão positiva.

Ouviam-se já cânticos “Royal Blood, Royal Blood” quando, ao som da habitual “Down in Mexico”, dos Coasters, os britânicos Mike Kerr e Ben Thatcher pisaram o palco do Campo Pequeno. Não perderam tempo – “How Did We Get So Dark” abriu as hostilidades, seguido de “Where Are You Now” e “Lights Out”, uma sequência ganhadora que pôs de imediato toda a gente a mexer.

Rotal Blood, Campo Pe

As estrelas de rock são difíceis de definir, mas sabemos quando vemos uma, e Kerr não deixa dúvidas: é um dicionário de poses rock n’roll exageradas, a meio caminho entre o excitante e o caricato. No Campo Pequeno vimo-lo a sacar do baixo os seus típicos riffs ritmados e viciantes, enquanto cantava num registo que lembra umas vezes Jack White, outras Robert Plant. Já o taciturno baterista Ben Thatcher é uma força destruidora, um turbilhão roqueiro martelando a bateria sem dó nem piedade. Havia em palco uma parede de amplificadores e pedais de distorção com fartura – o som parecia uma locomotiva a atravessar o Campo Pequeno a alta velocidade.

A banda desfilou temas dos dois álbuns de estúdio, com foco no mais recente “How Did We Get So Dark”, lançado em Junho deste ano – “Lights Out”, “I Only Lie When I Love You” e “Hook, Line & Sinker” encheram as medidas do público. Mas os temas do álbum homónimo de 2014 não faltaram: “Little Monster”, por exemplo, foi um ponto alto da noite, com um colossal solo de bateria de Ben Thatcher que não deixou pedra sobre pedra.

royal-blood_inside2

O que nos ocorria por esta altura era “como é que só dois tipos conseguem criar este som enorme?” A dupla soa mais poderosa em palco do que muitos conjuntos com o triplo dos elementos. A entrega e ferocidade da banda resultaram (tal como no concerto do Alive) numa intensidade sempre em alta, um frenesim permanente.

Kerr faz oitos daquele baixo – essencialmente aperfeiçoou um instrumento novo, ao fazer do baixo de quatro cordas uma guitarra pesada, barrada de distorção. É um verdadeiro virtuoso, tocando muitas vezes só com uma mão sem falhar uma nota que seja, enquanto agarra o público com uma facilidade impressionante – houve até um momento, já no encore, em que Kerr dividiu o público ao meio, puxando alternadamente por cada lado com uma resposta enorme da audiência, completamente rendida.

O concerto encerrou com “Out Of The Black”, completamente em apoteose, um final com electricidade suficiente para iluminar uma pequena cidade. Os Royal Blood podem não estar a reinventar o rock n’roll, mas estão sem dúvida a torná-lo apaixonante.

 

Setlist:

– How Did We Get So Dark
– Where Are You Now
– Lights Out
– Come On Over
– You Can Be So Cruel
– I Only Lie When I Love You
– She’s Creeping
– Little Monster
– Hook, Line & Sinker
– Blood Hands
– Don’t Tell
– Hole In Your Heart
– Loose Change
– Figure It Out

Encore

– Ten Tonne Skeleton
– Out Of The Black

Créditos das Fotos: Everything is New/Alexandre Antunes

Nuno Camões

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