“Rodrigo Leão é um dos mais versáteis, inspirados e reconhecidos músicos portugueses. Em 2017 propõe um novo concerto em nome próprio, onde reencontra a sua veia mais pop, enérgica e leve, com o regresso da “trindade básica” de guitarra, bateria e baixo, acompanhada da voz de Ana Vieira, que gravou e tocou com Rodrigo entre 2004 e 2010. Uma formação de oito elementos interpretará uma mão-cheia de canções e de peças instrumentais que datam do grande êxito “Cinema”, mas também de discos como “A Montanha Mágica”, “A Mãe” e “A Vida Secreta das Máquinas”. As viagens e experiências de Rodrigo chegam à Aldeia em Agosto.”
(retirado do site oficial Bons Sons)
O primeiro disco em que usaste o dinheiro que tanto trabalho te deu a enfiar no porquinho de barro.
Lembro-me perfeitamente, foi o “Wish You Were Here” dos Pink Floyd. Comprei-o na Valentim de Carvalho da Avenida de Roma.
Os discos que os teus pais, irmãos e primos mais te fizeram ouvir em pequeno.
Os meus pais fizeram-me ouvir muita música clássica, a partir dos meus 11, 12 anos, mas também compositores como Jacques Brel, Chico Buarque, Piazzolla. Era um leque variado de autores diferentes.
A banda ou músico que te levou a comprar e usar uma T-Shirt.
Não faz muito o meu estilo. Não é que me importe de andar com uma t-shirt de um grupo de que goste, mas nunca comprei.
O livro que, se não mudou a tua vida, terá pelo menos valido cada uma das pestanas queimadas.
“Os Maias”, que li duas vezes. A primeira porque era obrigatório, no liceu, e uma segunda vez mais tarde, que me confirmou estar perante um dos grandes livros da literatura portuguesa que acabou por me marcar muito.
O escritor ou músico – no feminino ou masculino – com quem gostarias de conversar por entre uns Mouchões e bolos dos santos (ou outro petisco qualquer).
O Ryuchi Sakamoto. Cheguei a conversar com ele mas foi durante muito pouco tempo, num dia em que fui a Nova Iorque gravar uma colaboração para o disco “Cinema”. Fiquei com vontade de o conhecer melhor.
O filme que te fez sair da sala de cinema a meio – ou, pelo menos, mudar de canal.
Há muitos anos atrás, numas sessões de cinema no Cinema Quarteto, que existiam às sextas-feiras – onde passavam dois filmes em cada sala -, lembro-me de ter mudado de sala. Não me lembro que filme foi, era muito novo quando isso aconteceu, devia ter uns 14 ou 15 anos.
Se pudesses viajar no tempo para ver um artista ou banda já desaparecidos, até onde te levaria a viagem?
Até Miles Davis, um músico que admiro muito apesar da minha ligação ao jazz não ser muito forte. Ou a Chavela Vargas, ou Astor Piazzolla. Com esses três já ficaria bastante contente.
O prato que comerias sempre se não pudesses morder outra coisa.
Não é fácil, mas talvez um caril de camarão.
Se Cem Soldos fosse um reino e tu o manda-chuva, qual seria o teu primeiro decreto-lei?
Que as entradas não fossem pagas. Claro que é um pouco utópico.
Que bons sons – nacionais e não só – já nos trouxe este ano de 2017?
Confesso-te que estou sempre um pouco a leste das coisas mais recentes que saem, com alguma pena. Este ano ouvi muito Capitão Fausto (gosto muito). Há também um grupo que conhecia do ano passado e que este ano tive oportunidade de ver no Primavera Sound, os Cigarettes After Sex.
Três discos que voltam recorrentemente a entrar na tua playlist.
Comecei a ouvir música nos anos 70, portanto há um disco que gosto muito de reouvir quando posso: o “The Lamb Lies Down on Broadway”, dos Genesis. Também o “Closer”, dos Joy Division, ou o “In The Court of the Crimson King”, dos King Crimson.
A viagem que fizeste e te fez pegar na caneta e escrevinhar uma música.
Houve muitas, porque as viagens são uma fonte de inspiração muito grande. Estou-me a lembrar do tema “Tardes de Bolonha”, que escrevi para a Madredeus há muitos anos, precisamente na altura em que fomos tocar a Bolonha numa bienal. Outra viagem impressionante foi à Coreia do Norte, há cerca de 30 anos, em que a Madredeus participou num festival muito grande. Não sei exactamente que músicas ou ideias terão saído daí, mas foi uma viagem que me marcou muito. A primeira vez que fui a Goa gravei alguns sons de rua com o meu telemóvel, que acabaram por entrar no disco “A Mãe”.
A canção alheia que gostarias de ter escrito.
Há muitas. Talvez a banda-sonora do filme “O Último Imperador” composta pelo Sakamoto.
Se a tua vida desse um livro seria…
Seria um livro muito simples. Grande parte das coisas que tento fazer baseiam-se na simplicidade, na relação entre as pessoas, nos amigos e na família.
E se fosse uma canção?
Talvez uma música dos Echo and the Bunnymen, uma das bandas que sempre admirei muito.
O que podemos esperar do concerto de Cem Soldos?
É um concerto que estamos a fazer este ano, que conta com a participação da Ana Vieira, que já colaborou connosco. Terá bateria, baixo, foi pensado para um concerto de festival ao ar livre, com temas instrumentais mais calmos, e que terá canções em português, em francês e em castelhano.
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