• Mil Folhas
  • Música Com Cabeça
  • Cine ou Sopas
deusmelivro
NOS Alive, NOS Alive 2017, Deus Me Livro
Música Com Cabeça 1

NOS Alive 2017: 8 julho

Por Nuno Camões · Em 10/07/2017

Prontos para as curvas e contracurvas do terceiro dia do NOS Alive, aterrámos no concerto do norte-americano Benjamin Booker, que por cá passeou as suas várias encarnações: o cantor de New Orleans ora bebe da soul de Otis Redding (com “Believe”, por exemplo), ora debita revoadas de electricidade blues-rock (“Violent Shiver”), ora faz ressaltar as influências gospel (“Witness”).

NOS Alive, NOS Alive 2017, Deus Me Livro

Foi uma actuação intensa, com alguns bons momentos – ali a meio o guitarrista, de penteado tipo manjerico, até deixou voar os óculos com a emoção. No entanto, havia ainda pouca audiência e faltou também a Booker uma certa disponibilidade para puxar pelo público, que até parecia querer ir na cantiga. Fica para a próxima, Benjamin.

Britt Daniels e companhia – que é como quem diz os Spoon – entraram em acção pouco depois das 20h10 – a banda de Austin anda pelos palcos do planeta há 20 anos, e veio ao Alive promover o nono álbum de originais, “Hot Thoughts”. Foi por aí que começaram, com a contagiante “Do I Have to Talk You Into It”. Tocariam ainda a balada “I Ain’t The One” e a galopante “First Caress”. Como não podia deixar de ser, passagem obrigatória por alguns temas clássicos: “Don’t Make me a Target” foi magnífico, “Inside Out” e “Rent I Pay” outros dois excelentes momentos.

_MG_7957

Tanto em palco como em estúdio, os Spoon são uma banda de trabalho: picam o ponto com uma consistência admirável, mantendo os níveis de qualidade bem altos, mas fugindo dessa entidade demoníaca que assola tantas bandas veteranas: a previsibilidade.

Daniels é um tremendo vocalista: canta com fibra e arrojo, e mostrou em palco porque é que os Spoon são aquele imponente edifício de rock n’roll. Guardou ainda um mimo para o fim: este foi o último concerto da tournée, e Daniels confessou ter sido o seu preferido. Ficou o convite para os ver novamente em Novembro nos Coliseus.

_MG_8099

Dizemos adeus aos Spoon e vamos até Seattle, à boleia dos Fleet Foxes. A banda de folk rock começou a sua actuação precisamente com um elogio aos Spoon – “great band”, segundo o vocalista Robin Pecknold. Recortadas contra um fundo de aguarela colorida viam-se as silhuetas de 6 músicos e múltiplos instrumentos, entre os quais um velho piano de saloon. Havia a expectativa de perceber como funcionaria o denso e esquivo álbum de 2017, “The Crack-up”, no contexto de um Festival. E funciona muito bem, pela amostra das duas primeiras músicas: a barragem sonora de “I Am All That I Need / Arroyo Seco / Thumbprint Scar” entusiasmou; “Cassius”, em versão ritmada, também funcionou bem, com uma resposta muito positiva por parte do público. Tivemos porém de adiar o encontro com os Fleet Foxes para uma próxima ocasião, uma vez que os Depeche Mode se preparavam para entrar em palco.

“Revolution”, dos Beatles, deu o mote para a entrada da banda em palco, que de imediato tocou “Going Backwards”, do último LP “Spirit”. No ecrã gigante havia uma mescla de cores que se foram apagando até ficar tudo negro – foi a deixa para o primeiro clássico da noite, “Barrel of a Gun”.

E houve muitos clássicos a desfilar: “Wrong”, “Everything Counts”, “Enjoy The Silence”, “Stripped” – momentos celebratórios, com Dave Gahan endiabrado e cheio de trejeitos, a confirmar porque é que os Depeche Mode são, hoje em dia, uma das mais lucrativas máquinas de música ao vivo do planeta.

Mas nem só de clássicos se fez a noite: a interpretação da mais recente “Where’s The Revolution” foi excepcional, muito apoiada pela componente visual: enquanto Gahan interagia com o público, havia desenhos de botas a marchar e punhos cerrados no ecrã gigante, naquela que será a canção mais política dos Depeche Mode.

Alguém gritava repetidamente, a meio de uma música, “Show me Depeche Mode, i wanna see them…”, mostrando que o pior cego é aquele que não consegue ver porque está bêbado.

O uso de imagens vídeo foi uma constante, e visualmente fazia sentido ver Dave Gahan como um astronauta perdido na terra em “Cover Me”, ou a rotina diária de um travesti em “Walking in My Shoes”. “Personal Jesus” fechou a loja da melhor forma, mais uma peça de luxo num catálogo impressionante. A banda entregou no Alive uma actuação ultra-competente, a cimentar o estatuto dos Depeche Mode como banda-sensacional-ao-vivo.

NOS Alive, Deus Me Livro

Resta assinalar a pujança hip-hop dos australianos Avalanches, que se apresentaram no Palco Heineken com um espectáculo sempre em festa e, a fechar a noite, a bizarria provocadora da actuação de Peaches, a incluir um chapéu-clitóris e bailarinas com fatos-vagina (a sério).

Fica, desde já, encontro marcado para os dias 12, 13 e 14 de Julho de 2018. Até para o ano, NOS Alive!

 

Galeria fotográfica – NOS Alive 2017: 8 Julho

NOS AliveNOS ALive 2017

Nuno Camões

Pode Gostar de

  • DeBÍ TiRAR MáS FOToS World Tour, Deus Me Livro, Concerto, Live Nation, Rimas Nation, Bad Bunny, DeBÍ TiRAR MáS FOToS, Música Com Cabeça

    26 de Maio de 2026 será o Dia da Fotografia (e de Bad Bunny) em Portugal

  • Joep Beving, Casa da Música, Deus Me Livro, Concerto, S. Luiz Teatro Municipal, Música Com Cabeça

    16º Misty Fest arranca ao som do piano de Joep Beving

  • Micah P Hinson, Deus Me Livro, Concerto, Musicbox, Música Com Cabeça

    Micah P Hinson vem celebrar connosco o Gospel do Progresso

1 Commentário

  • Bodhisatva comentou: 11/07/2017 at 21:05

    Assinalar os Monstro e os plastic people que actuaram antes de Benjamin Booker. Mostra que a música nacional se encontra viva e com saúde. Pena não haver esse destaque no artigo

    Resposta
  • Deixe uma opinião Cancelar

    Siga-nos aqui

    Follow @Deus_Me_Livro
    Follow on Instagram

    Música Com Cabeça

    • DeBÍ TiRAR MáS FOToS World Tour, Deus Me Livro, Concerto, Live Nation, Rimas Nation, Bad Bunny, DeBÍ TiRAR MáS FOToS,

      26 de Maio de 2026 será o Dia da Fotografia (e de Bad Bunny) em Portugal

      06/05/2025
    • Joep Beving, Casa da Música, Deus Me Livro, Concerto, S. Luiz Teatro Municipal,

      16º Misty Fest arranca ao som do piano de Joep Beving

      05/05/2025
    • Micah P Hinson, Deus Me Livro, Concerto, Musicbox,

      Micah P Hinson vem celebrar connosco o Gospel do Progresso

      21/04/2025
    • Memória de Peixe, Culturgest, Deus Me Livro, Crítica, Deus Me Livro,

      Memória de Peixe @ Culturgest (16-4-2025)

      21/04/2025
    • Vodafone Paredes de Coura 2025, Vodafone Paredes de Coura, Deus Me Livro, Cartaz, Mk.Gee,

      Está fechado o cartaz (e o alinhamento por dias) do Vodafone Paredes de Coura 2025!

      15/04/2025
    Acha o Deus Me Livro diferente? CLIQUE AQUI.

    Archives

    • May 2025
    • April 2025
    • March 2025
    • February 2025
    • January 2025
    • December 2024
    • November 2024
    • October 2024
    • September 2024
    • August 2024
    • July 2024
    • June 2024
    • May 2024
    • April 2024
    • March 2024
    • February 2024
    • January 2024
    • December 2023
    • November 2023
    • October 2023
    • September 2023
    • August 2023
    • July 2023
    • June 2023
    • May 2023
    • April 2023
    • March 2023
    • February 2023
    • January 2023
    • December 2022
    • November 2022
    • October 2022
    • September 2022
    • August 2022
    • July 2022
    • June 2022
    • May 2022
    • April 2022
    • March 2022
    • February 2022
    • January 2022
    • December 2021
    • November 2021
    • October 2021
    • September 2021
    • August 2021
    • July 2021
    • June 2021
    • May 2021
    • April 2021
    • March 2021
    • February 2021
    • January 2021
    • December 2020
    • November 2020
    • October 2020
    • September 2020
    • August 2020
    • July 2020
    • June 2020
    • May 2020
    • April 2020
    • March 2020
    • February 2020
    • January 2020
    • December 2019
    • November 2019
    • October 2019
    • September 2019
    • August 2019
    • July 2019
    • June 2019
    • May 2019
    • April 2019
    • March 2019
    • February 2019
    • January 2019
    • December 2018
    • November 2018
    • October 2018
    • September 2018
    • August 2018
    • July 2018
    • June 2018
    • May 2018
    • April 2018
    • March 2018
    • February 2018
    • January 2018
    • December 2017
    • November 2017
    • October 2017
    • September 2017
    • August 2017
    • July 2017
    • June 2017
    • May 2017
    • April 2017
    • March 2017
    • February 2017
    • January 2017
    • December 2016
    • November 2016
    • October 2016
    • September 2016
    • August 2016
    • July 2016
    • June 2016
    • May 2016
    • April 2016
    • March 2016
    • February 2016
    • January 2016
    • December 2015
    • November 2015
    • October 2015
    • September 2015
    • August 2015
    • July 2015
    • June 2015
    • May 2015
    • April 2015
    • March 2015
    • February 2015
    • January 2015
    • December 2014
    • November 2014
    • October 2014
    • September 2014
    • August 2014
    • July 2014
    • Contacto