Quando uma banda prepara o seu próximo disco durante um período de tempo tão elevado, tal como o fizeram os Modest Mouse, devemos sempre desconfiar. Durante esse longo processo encontraram-se com Kris Novoselic, dispensaram o baixista Eric Judy e foram o centro de outros episódios mirabolantes. Tantas hesitações em prosseguir levaram os mais atentos a temer que o ponto morto se prolongasse.
“Strangers to Ourselves” (Epic, 2015) é, assim, o primeiro registo de canções originais desta banda desde os idos de 2007. Para quem esperava uma compilação de canções sobre a maturidade de uma banda que atingiu os vinte anos de reunião, aquilo que nos chega são canções que não alteram o fio condutor dos discos anteriores, como se o hiato de oito anos fosse de apenas oito dias. Trata-se de um álbum meticuloso e cuidado, como se tivessem todos trabalhado neste disco durante esse longuíssimo período para, depois, escolherem um dia à sorte para lhe mostrarem a luz do dia.
“Strangers to Ourselves” é um disco de 2015 mas que relembra, àqueles que se apaixonaram pelo indie rock no início dos anos 2000, a razão por que o fizeram. Ao escutar o disco, ficamos com a ideia de que os membros da banda são decididos mas não sabem para onde ir – apenas sabem que querem seguir em frente. Contudo, neste caso concreto e apesar de alguns momentos de brilhantismo como “Lampshades on Fire” ou “The best room”, os arrepios provocados em discos anteriores parecem ter ficado lá atrás. Porém, mesmo que muitos fiquem sem perceber se as expectativas foram ou não cumpridas, há algo que é absolutamente inegável: a voz de Isaac Brock continua notável.
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