Tinha, no papel, tudo para ser um concerto memorável. Acompanhado de um octeto de cordas, a que acabou por se reunir também um trompete e um piano, Mark Eitzel iria acompanhar-nos numa viagem pela sua discografia a solo, não esquecendo a longa aventura nos já reformados American Music Club.

Foi, aliás, com um clássico dos American Music Club – “Patriot’s Heart” – que Eitzel deu início ao seu concerto na Culturgest, afirmando o seu orgulho numa canção que diz ser muito apropriada aos dias de hoje. Antes, elogiou os músicos que a ele se juntaram, dizendo que se a música soasse estranha a qualquer momento teria sido ele “a lixar as coisas” – o que, diga-se, acabou por fazer em alguns momentos, sobretudo no tema final onde pareceu estar aos papéis com a afinação.
Não faltaram piadas e histórias entre canções, fosse para dedicar “All My Love” ao seu companheiro de 16 anos, atirar farpas a JD Vance e à Casa Branca ou, a dado momento, perder-se numa conversa nonsense sobre… Bruce Springsteen.

As variações melódicas foram bem menos perfumadas que as versões em disco, tendo em muitos momentos mostrado pouca ligação entre o canto e a guitarra, que chegou a parecer um objecto estranho nas suas mãos. A ligação com os músicos também teve alguns desencontros, parecendo em muitas canções estarmos a ouvir um mash up vindo de dois universos distintos. Para os fãs incondicionais de longa data, este concerto até poderá ter sido um mimo. Para os outros, dificilmente criará grandes memórias.
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Fotos: Vera Marmelo (cedidas gentilmente pela Culturgest)
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