Após uma travessia feita de forma semi-clandestina, o ano de 2015 viu o projecto Pucarinho assumir uma voz, um nome, um rosto e uma assinatura: Luís Pucarinho. “Orgânica Mente Humana” (Alain Vachier, 2015), disco lançado no ano que findou há pouco, serve-se do lado (exclusivamente) acústico dos instrumentos, operando um cruzamento entre a música portuguesa e outras sonoridades dispersas pelo globo terrestre, com um método de gravação que quase faz parecer que estamos a escutar a gravação de um concerto ao vivo.
O disco apresenta uma dúzia de canções originais inéditas – a juntar a Introdução –, em letras que são quase declamadas, emprestando a Luís Pucarinho a figura de um crooner com um certo ar de desencanto, seja em relação à crise, à emigração ou aos corações desencontrados.
Os estilos musicais que atravessam o disco vão do Rock ao Blues, do Jazz ao Fado, mas sempre com Portugal por perto. “Orgânica mente humana” conta também com alguns músicos convidados, destacando-se Jorge Bemvinda dos Virgem Suta – em “A mesma camisola” – e a fadista Mara – no tema “A tua felicidade”.
Ainda que não tire aqui nabos da púcara, Luís Pucarinho oferece um disco musicalmente abrangente, sem nunca perder de vista as raízes nacionais e viajando na boa companhia de cinco músicos: Afonso Castanheira no contrabaixo, André Penas na viola-d’arco, João Barata na bateria, Samuel Santos no violoncelo e Zé Peps na guitarra folk e slide guitar.
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