É já no próximo dia 5 de Fevereiro que os Irreversible Entanglements, um colectivo de jazz que é mais um super-grupo, levam a sua ideia de free jazz à ZDB, em Lisboa. A entrada vale 10€ e os bilhetes podem ser adquiridos na Flur Discos, Tabacaria Martins e ZDB (segunda a sábado 22h-02h). Quem quiser reservar é só enviar mail para reservas@zedosbois.org.
Fica o muito elogioso press release sobre a banda que chegou à redacção.
“Vulcânica – a natureza da linguagem do colectivo de jazz Irreversible Entanglements não poderia ser outra. A escuta não poderia ser passiva, como mais um disco, nem um concerto poderia ser mero entretenimento, como mais um espectáculo. Sinal dos tempos, este é um super grupo que usa a improvisação sónica e a ascensão espiritual como técnicas de resistência numa época ensombrada por autoritarismo, tensão e intolerância. Um certo retorno ao contexto histórico da década de 60 onde o florescimento do free jazz se fundiu com os movimentos de direitos civis. Retorno esse não foi por exercício estilístico, senão mesmo por necessidade, como um grito de revolta perante uma arma à cabeça. O grupo norte-americano faz explodir ideias e contaminar acção. Tem em Camae Ayewa, também conhecida por Moor Mother, o epicentro de todo o tremor. As convulsões dos sopros, as marchas da bateria ou o esoterismo sonoro dos diversos sons que pairam neste círculo de fogo rodopiam como vento por entre a poesia de rua de Ayewa. Formados em 2015, após um convite para tocarem no evento Musicians Against Police Brutality, surgiram como trio, para depois expandirem como um organismo vivo. Actualmente como quinteto, têm passado por vários festivais europeus. O álbum de estreia homónimo conseguiu capsular em apenas quatro temas toda a urgência dos Irreversible Entanglements. Mais ainda: tornou-se numa narrativa contemporânea de uma luta social que está acontecer, aqui e agora. A edição do disco partiu de um esforço da editora e plataforma International Anthem que nos últimos anos se tem dedicado a criar um conteúdo de teor progressista, como a própria se apresenta. E as suas apresentações em espaços públicos, muitas delas espontâneas, demonstram uma certa reivindicação de valores, exploração de abordagens artísticas e até uma forma distinta de estar na indústria criativa. Soam como poucas encarnações do free jazz actual. Unem pontos referenciais entre os New York Art Quartet, Gil-Scott Heron ou Sun Ra. Panfletários ou radicais, para uns, a verdade é que núcleos como os Irreversible Entanglements acima de tudo voltam a colocar na mesa uma questão importante: será possível, nos dias de hoje, ter uma atitude apolítica? E até que ponto pode, e deve, a arte reflectir essa condição? Já antevia Heron que a genuína revolução não será transmitida pelos media. Nesta noite Lisboa tem o enorme prazer de receber, numa rigorosa estreia, um dos projectos mais essenciais dos últimos anos. Se o concerto de Moor Mother deixou na ZDB uma intensa memória, é seguro que com este capítulo, haverá mais a celebrar – e a relatar – nos anos vindouros. “
Formação:
Camae Ayewa (Moor Mother): voz
Keir Neuringer: saxofone
Aquiles Navarro: trompete
Luke Stewart: contrabaixo
Tcheser Holmes: bateria
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