• Mil Folhas
  • Música Com Cabeça
  • Cine ou Sopas
deusmelivro
Spring Toast Records, Filipe Sambado, Vida Salgada, Deus Me Livro
Música Com Cabeça 0

Filipe Sambado | “Vida Salgada”

Por Pedro Miguel Silva · Em 30/03/2016

Não será heresia dizer que a música portuguesa, no que diz respeito a cantautores, vive um período dourado. Nomes como Coelho Radioactivo ou Luís Severo – apenas para citar dois -brindaram-nos há não muito tempo com senhoras rodelas e, quanto ao grande Samuel Úria, regressa já em Abril com um novo longa-duração. Há, porém, um disco recente que aterrou na redacção do Deus Me Livro com a força de um meteorito incandescente, deixando muitos corações entregues a essa coisa linda do amor.

Lançado pela Sping Toast Records, “Vida Salgada” é o disco de estreia de Filipe Sambado. Nove temas atravessados pela ideia de perda, entre o desamor e a esperança, numa pop que tem tudo lá dentro, desde a música de baile ao psicadelismo. E letras muito bem urdidas. Segue-se uma viagem salgada às faixas deste disco que se dança, ainda que não seja Samba. É Sambado.

Para ouvir no próximo domingo, dia 3 de Abril, no espaço Rua das Gaivotas, 6. Para mais informações sobre o concerto de apresentação do disco sigam por aqui.

Filipe Sambado, Vida Salgado, Spring Toast Records, Deus Me Livro

A Moda

Uma música para crianças que, de repente, arranca para um desfile de moda existencial atravessado pela solidão. Há uma guitarra que arranha devagar, um sintetizador brincalhão, coros que chegam de toda a parte vindos de atiradores furtivos e versos como estes:

Não aliso pregas nem rugas da roupa
Coloca-me as vestes na pele que sufoca
Veste-me a dourado o azul da emoção
Quero ir bonito manter a ilusão

Vida Salgada

O amor transformado em especiarias e em temperos, regado com um bom dão e exorcizado com erva-mate superior, numa pop que vem do espaço e exige a vida por inteiro:

Antes queria não viver
Do que andar a viver mal 
Dá-me beijos sem saber
Dá-me vida com mais sal

Tou confuso

Mais uma música que vive de subidas e descidas. Começamos com um bombo irrepreensível que marca um passo quase militar, a que se junta um teclado que parece um riso distante. Há, depois, um baixo saltitão que chega antes de um disparo verdadeiramente pop que aponta ao coração da individualidade, seja celibatária ou bem acompanhada, testada entre os níveis de açúcar e os índices de sal. Tudo regado com uma boa dose de psicadelismo.

Ainda se acusa tanto essa pressão de ser igual
Olha que eu gosto mais de açúcar e tu gostas mais de sal
Nem tudo o que pensas hoje tens de pensar depois
Ontem éramos só um hoje já somos os dois

Roda a garrafa

Curioso tema que principia nas águas do rock psicadélico, com uma guitarra deixada à solta, até que o refrão chega e transforma tudo num baile onde já todos beberam mais que a sua conta. E que, aproveitando um momento de acalmia, conta-nos que nem os apetites do vento são suficientes para acabar com a corrente inesgotável do amor.

Mas se o vento muda
(Se o vento mudar)
Mas se o vento muda
(Se o vento mudar)
Mas se o vento muda
(Se o vento mudar)
Saúda-se à vontade
E a ter com quem partilhar

Spring Toast Records, Filipe Sambado, Vida Salgada, Deus Me LivroAprender e ensinar

Séria candidata a balada do ano, é uma autêntica pérola no que à arte de escrever canções diz respeito. Está tudo aqui: a luta pela individualidade, o medo do mundo, a vontade de mudança, a esperança eterna. E versos deste calibre:

Já lavrei terra no campo
Já lancei redes ao mar
Agora vim p’ra cidade
Ensiná-la a amar

Encaixar peças contrárias
Em doses mais arbitrárias
À noite há menos juízo

Dar mais sem querer receber
Não ter medo de perder
O que não é preciso

É que a estrada parada 
Parece mais agitada
Do que um dia de feira

Não vim praqui só por estar
Foi por me apaixonar 
A viver d’outra maneira

Nó do Peito

Uma guitarra a fazer lembrar os Real Estate faz cócegas no peito, até que este se vê tomado pela nostalgia como que antevendo um fim que está demasiado próximo. Um tema cantado e embalado a duas vozes que, no instante derradeiro, ainda arranja forças para lançar um desafio – ou, talvez, uma maldição de todo o tamanho:

E se eu nadasse até não conseguir voltar
Ias passar a tua vida toda a ver o mar

Telhados de Vidro

As grandes e as pequenas amizades são feitas de asneiras, umas mais irreparáveis que outras, e esta falsa balada, que a certa altura nos faz dançar como num tema dos Doors, faz da amizade um terreno de flores artificiais:

Foi na brincadeira fizemos asneira não dá pra negar
Iguais como dantes as noites errantes dão p’ra tropeçar
Não há flores p’ra colher não há flores p’ra pisar
Não há flores p’ra colher não hã flores p’ra cheirar

Subo a montanha

Esta será uma das aproximações maiores de um tema popular a um banho com sais de mescalina. Se tudo começa com o embalo popular, de repente temos de um lado um batuque completamente chanfrado e, do outro, um teclado hipnótico. Isto para não falar das vozes que a certa altura despontam como assombrações. E onde se canta o amor e o desejo à moda de Lucy in the Sky with Diamonds:

Subo a montanha porque te vejo nas nuvens
O algodão é doce porque é d’onde tu vens
Quando sussurras com essa tua voz rouca
Ai o desejo que tu me deixas na boca

Já não Vou sair daqui

Um disco desta monta não podia acabar sem um épico, uma balada embrulhada com uma fita emprestada pelos MGMT e, novamente, a boleia dos Real Estate, que desta vez emprestaram a tesoura. Canta-se na primeira pessoa o caminho que já ficou para trás, a impossibilidade do regresso e, sorte a nossa, o desejo de um futuro. Que isto nunca acabe.

Ficou pa trás a praxe destas anos
Hão de haver histórias por contar
Se houver xitação p’ra mais mil planos
Isto nunca há de acabar

Filipe SambadoSpring Toast RecordsVida Salgada

Pedro Miguel Silva

Pode Gostar de

  • DeBÍ TiRAR MáS FOToS World Tour, Deus Me Livro, Concerto, Live Nation, Rimas Nation, Bad Bunny, DeBÍ TiRAR MáS FOToS, Música Com Cabeça

    26 de Maio de 2026 será o Dia da Fotografia (e de Bad Bunny) em Portugal

  • Joep Beving, Casa da Música, Deus Me Livro, Concerto, S. Luiz Teatro Municipal, Música Com Cabeça

    16º Misty Fest arranca ao som do piano de Joep Beving

  • Micah P Hinson, Deus Me Livro, Concerto, Musicbox, Música Com Cabeça

    Micah P Hinson vem celebrar connosco o Gospel do Progresso

Sem Comentários

Deixe uma opinião Cancelar

Siga-nos aqui

Follow @Deus_Me_Livro
Follow on Instagram

Música Com Cabeça

  • DeBÍ TiRAR MáS FOToS World Tour, Deus Me Livro, Concerto, Live Nation, Rimas Nation, Bad Bunny, DeBÍ TiRAR MáS FOToS,

    26 de Maio de 2026 será o Dia da Fotografia (e de Bad Bunny) em Portugal

    06/05/2025
  • Joep Beving, Casa da Música, Deus Me Livro, Concerto, S. Luiz Teatro Municipal,

    16º Misty Fest arranca ao som do piano de Joep Beving

    05/05/2025
  • Micah P Hinson, Deus Me Livro, Concerto, Musicbox,

    Micah P Hinson vem celebrar connosco o Gospel do Progresso

    21/04/2025
  • Memória de Peixe, Culturgest, Deus Me Livro, Crítica, Deus Me Livro,

    Memória de Peixe @ Culturgest (16-4-2025)

    21/04/2025
  • Vodafone Paredes de Coura 2025, Vodafone Paredes de Coura, Deus Me Livro, Cartaz, Mk.Gee,

    Está fechado o cartaz (e o alinhamento por dias) do Vodafone Paredes de Coura 2025!

    15/04/2025
Acha o Deus Me Livro diferente? CLIQUE AQUI.

Archives

  • May 2025
  • April 2025
  • March 2025
  • February 2025
  • January 2025
  • December 2024
  • November 2024
  • October 2024
  • September 2024
  • August 2024
  • July 2024
  • June 2024
  • May 2024
  • April 2024
  • March 2024
  • February 2024
  • January 2024
  • December 2023
  • November 2023
  • October 2023
  • September 2023
  • August 2023
  • July 2023
  • June 2023
  • May 2023
  • April 2023
  • March 2023
  • February 2023
  • January 2023
  • December 2022
  • November 2022
  • October 2022
  • September 2022
  • August 2022
  • July 2022
  • June 2022
  • May 2022
  • April 2022
  • March 2022
  • February 2022
  • January 2022
  • December 2021
  • November 2021
  • October 2021
  • September 2021
  • August 2021
  • July 2021
  • June 2021
  • May 2021
  • April 2021
  • March 2021
  • February 2021
  • January 2021
  • December 2020
  • November 2020
  • October 2020
  • September 2020
  • August 2020
  • July 2020
  • June 2020
  • May 2020
  • April 2020
  • March 2020
  • February 2020
  • January 2020
  • December 2019
  • November 2019
  • October 2019
  • September 2019
  • August 2019
  • July 2019
  • June 2019
  • May 2019
  • April 2019
  • March 2019
  • February 2019
  • January 2019
  • December 2018
  • November 2018
  • October 2018
  • September 2018
  • August 2018
  • July 2018
  • June 2018
  • May 2018
  • April 2018
  • March 2018
  • February 2018
  • January 2018
  • December 2017
  • November 2017
  • October 2017
  • September 2017
  • August 2017
  • July 2017
  • June 2017
  • May 2017
  • April 2017
  • March 2017
  • February 2017
  • January 2017
  • December 2016
  • November 2016
  • October 2016
  • September 2016
  • August 2016
  • July 2016
  • June 2016
  • May 2016
  • April 2016
  • March 2016
  • February 2016
  • January 2016
  • December 2015
  • November 2015
  • October 2015
  • September 2015
  • August 2015
  • July 2015
  • June 2015
  • May 2015
  • April 2015
  • March 2015
  • February 2015
  • January 2015
  • December 2014
  • November 2014
  • October 2014
  • September 2014
  • August 2014
  • July 2014
  • Contacto