Francisco Correia tem 23 anos e, apesar de não passar de um puto com barba, está já metido em trabalhos. Para além de laborar no Canal Q em programas como Tutoriais da Dona Margarida, É Muito Jogo e A Melhor Reportagem da História da Televisão, integra também a bela caderneta da Cafetra Records, onde assina como Smiley Face. Como se isto não bastasse, decidiu pegar no legado das cassetes do pai e arranjou forma de acrescentar um novo termo a um estranho léxico onde já há palavras inventadas como Hipster, Stoner ou Rocker. Colocámos algumas questões a Francisco Correia que, aqui, vestiu a pele do Hipster Pimba – ou, em boa verdade, do Hipster Pimba Jr. Se o pimba não tomar conta do mundo nos próximos tempos, vai ser mesmo por uma unha negra.
Hipster, Stoner, Rocker, já os conhecemos a todos. Mas o que raio é um Hipster Pimba?
Hipster Pimba é o termo que atribuí ao meu pai, pela sua maneira de estar na música. Sempre correu atrás de artistas nada conhecidos da música popular portuguesa e o seu gosto musical nunca variou muito. Foi sempre Pimba.
Como surgiu a ideia de manteres vivo este legado que recebeste do teu pai, fazendo de ti, na realidade, o Hipster Pimba Jr.? Em que consiste, afinal, este projecto?
Num verão, na terra dos meus pais em Vila Chã do Monte, encontrei um caixote com as velhas cassetes do meu pai, e pensei que poderia ter graça se as fosse ouvir. A primeira que ouvi foi do “Jorge Ferreira e o seu Conjunto MARS” e, quando cheguei à terceira faixa – “Carta para os meus amiguinhos” (interpretada por Alison, filha de Jorge Ferreira) -, vi que tinha algo especial em mãos e criei logo a página. Mas não tive coragem de a mostrar ao mundo nesse dia, só passados dois dias é que pensei “As pessoas até vão gostar destas coisas, se calhar… acho eu… enfim… bora lá”. Com a página vem o bónus de poder dissecar todo o material ”pimba” que o meu pai guardava e não deixar que as cassetes se percam no tempo.
Fala-nos um pouco do teu pai, de quem herdaste este imenso legado de cassetes.
O meu pai é uma pessoa muito tímida, sempre na sua. Não dispensa um bom bailarico e uma das coisas mais engraçadas tem sido ver a reacção dele a isto tudo. Ainda no outro dia estava eu a ouvir a minha cassete favorita, “Soraya Cristina – Felicidade”, e ele veio ter comigo e disse “Essa é a Soraya Cristina? Nunca mais ouvi falar dela…”. Nem ele nem ninguém, na verdade.
Estamos a falar mais ou menos de quantas cassetes?
Nunca as contei, mas são muitas. Não quero revelar a magia da coisa.
Que relação foi a tua com a música pimba e popular ao longo dos anos?
Nas viagens para o norte, ou sempre que íamos em família para algum lugar, era música “pimba” que tocava na rádio do carro. SEMPRE. Quando era mais novo, odiava estas cantigas, mas agora quando volto a ouvir as cassetes dessas férias de verão fico bastante nostálgico.
Nunca pensaste em animar bailes de sociedades recreativas e festas populares deste país, onde te irias erguer como o Skrillex pimbalhoco?
Já pensei sim senhor, e está muito perto de acontecer.
Para além desta tua vertente, assinas outros projectos na Cafetra Records que, apesar de não estarem embebidos em pimba, mantêm um olhar cómico sobre o mundo – o Smiley Face é um pouco assim. A música é para ti essencialmente boa disposição e galhofa?
Sim, sem dúvida. Mas também é um monte de outras coisas boas, respeito muito a música.
Depois do rock, da pop e da experimentação, o pimba é o novo som de que andam todos à procura?
Tenho reparado que está na moda voltar a este tipo de som, as pessoas querem bailar! Há algum género melhor que o “pimba”?
Diz que no dia 30 de Abril, por volta das seis da tarde, vais estar num lugar inesperado. O que nos podes dizer sobre isso?
É meio secreto, mas tem a ver com Campolide… Perto da data adiantarei mais coisas na minha página.
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