Em 1999, com o aproximar da viragem do século, sucederam-se não só os habituais balanços do ano como, também, os do século. Nessa altura, a BBC decidiu ir ainda mais longe e elegeu os melhores cantores do milénio, com a brasileira Elza Soares a ser coroada como a cantora do milénio.
Depois de três espectáculos memoráveis que deu no nosso país no último ano, Elza Soares cumpre agora a promessa que deixou no último deles, o Mexefest, a de que voltaria em breve. E fá-lo logo com quatro datas: 3 de Junho no alfacinha Coliseu dos Recreios, dia 10 no portuense Primavera Sound, dia 14 no Teatro das Figuras, em Faro, e dia 17 no Festival Raízes do Atlântico, na Madeira.
Antes de ter sido eleita cantora do milénio, Elza Soares havia já sido coroada rainha do samba ou descrita como uma mistura explosiva de Tina Turner com Celia Cruz. Caetano Veloso, nome maior da música brasileira (e que a havia convidado para dar voz a “Língua”, nos anos 80), confessara certa vez que Elza Soares era a sua cantora favorita. E, no entanto, nunca tanto se tinha ouvido falar de Elza Soares como agora. A razão chama-se “A mulher do fim do mundo”, o seu 36º álbum lançado no ano transacto e apenas o primeiro só de inéditos, gravado com uma banda de jovens músicos brasileiros, que não só redefine a música de Elza para o século XXI como a apresenta a toda uma nova geração..
“A mulher do fim do mundo” é um dos grandes discos da música brasileira do ano passado (de sempre?) e condensa tudo aquilo que Elza Soares é: um dos vozeirões da língua portuguesa, símbolo do girl power (ela que teve uma explosiva relação com o ídolo das quatro linhas, Garrincha, nos idos anos 70), porta-voz da música negra brasileira e um pára-raios que absorve décadas de samba, MPB, tropicalismo, jazz, bossa nova e blues.
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