Esqueçamos um regresso com a forma de um porquinho-mealheiro, um último disco pavoroso e o facto de Kim Deal já não morar nesta casa chamada Pixies. O facto é que esta banda, que combinava guitarras uivantes, alternâncias vocais macho-fêmea, letras maradamente crípticas e melodias com acentuado travo pop, foi uma das melhores coisas que aconteceu à música. Talvez até nem seja grande heresia dizer que o indie rock nasceu mesmo com os Pixies, uma banda muito à frente do seu tempo e que, escutada quase três décadas após o lançamento do primeiro disco, parece ainda habitar numa era que está para vir, longe de qualquer revivalismo ou datação.
A banda foi, aliás, um pouco a personificação dos anos setenta e do espírito rock. Black Francis e Joey Santiago não eram músicos com grande escola ou tecnicismo, mas a sua inventividade e genialidade fez com que o punk e a pop andassem de mãos dadas como se isso fosse a coisa mais natural do mundo, cantarolando letras habitadas pela estranheza e onde cabiam coisas tão castiças como espaço, sexo, religião ou mutilação.
Rodelas como “Surfer Rosa”, “Come On Pilgim” ou “Doolittle” são monumentos indestrutíveis, que viraram a pop e o rock do avesso para criar um som novo, excitante e de assinatura, que serviu de inspiração e revolução a muito do que veio a seguir. Dia 7 de Julho, no NOS Alive (Palco NOS), espera-se um concerto Gigantic e, com alguma sorte, até dará para ver um macaco chegar ao céu.
NOS Alive 2016
7, 8 e 9 de Julho
Passeio Marítimo de Algés, Lisboa
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