A surpresa que nos atinge ao depararmo-nos com a presença do líder dos The National num projecto partilhado com Brent Knopf, membro dos Menomena, retira-nos a percepção de que estamos perante um dos acontecimentos revelação de 2015. Dificilmente conseguiríamos imaginar Matt Berninger lançar a sua voz sem ter os (seus) suspeitos do costume por perto. Porém, estas colaborações paralelas serão provavelmente uma das razões para a consistência das bandas citadas, servindo como válvula de escape para a criatividade que nelas fervilha.
No início de “Return to the moon” (4AD, 2015), durante a audição da faixa-título, imaginamos Matt Berninger a mover-se epileticamente numa pista de dança, recuperando os tiques de Ian Curtis que há uma dezena de anos atrás lhe foram atribuídos com o desabrochar dos The National (e aquele concerto em Paredes de Coura no ano de 2005).
“Return to the moon” é todo um festival de teclados e um misto de rock e folk, uma massa espessa e difusa que não permite espaços mortos no seio das canções. Todo este disco é, alias, um melting pot de vários estilos, resultado da abrangência de sons que misturam os The National com os Menomena, sem que Berninger deixe de emprestar o seu cunho pessoal a este disco – como em “Need a friend”, um dos melhores momentos do LP -, sendo visíveis alguns dos fantasmas que o assolam e o tornaram um ícone (não faltará aqui uma Mr November?).
Há sempre o risco de vermos o frontman de uma banda de culto iniciar um projecto paralelo, ficando este a milhas da qualidade dos feitos que o tinham consagrado. No caso dos EL VY, não falta qualidade. Mas talvez se possa olhar este disco como um primeiro passo no caminho da emancipação do vocalista dos The National. Quanto a nós, estaremos sempre dispostos a testar o talento infinito de Matt Berninger.
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