O início do concerto de Damien Jurado, que teve lugar na passada quarta-feira no Musicbox, não foi fácil. Um técnico de som atrapalhado pôs Jurado e a sua banda com um som de quem parecia estar a tocar numa garagem, algo que se prolongou durante três ou quatro temas. Tanto reverb, um sintetizador alto de mais e a secção rítmica enrolada deram a esse início de concerto um tom (ainda) mais psicadélico que, no fundo, até fazia sentido, tendo em conta o registo do seu último álbum, “Visions of us on the land”, que serviu de pretexto à digressão.
No entanto, o alinhamento não se fez apenas dos temas deste último disco, com Jurado a percorrer praticamente toda a sua discografia (“Magic numere” logo a abrir, “Silver Timothy” pouco depois). Acompanhado em palco por banda em formato tradicional – guitarra, baixo, bateria e ainda sintetizadores -, os temas ganharam corpo e presença, lembrando-nos de uma certa rock/folk dos anos 60 onde cabem nomes como os Byrds, os Fairport Convention ou, ainda, Simon & Garfunkel.
O concerto terminaria com uma longa jam psicadélica à moda dos Doors, num blues circular com as teclas pilhadas desavergonhadamente a Ray Manzarek e a banda a explodir em catarse, liderada por um Jurado mais expansivo do que o habitual.
Foi só nos primeiros dois temas do encore – que iniciou com esse belíssimo “Kola”, que encerra o último álbum – que Damien Jurado se apresentou em modo inimista, acompanhado apenas pela viola. Tão inimista que pediu, inclusive, que se desligasse o ar condicionado, cujo ruído de fundo estava a perturbar o momento. Mas aquele já não era um concerto para intimidades e, para rematar em beleza, a banda voltou ao palco para um último tema. E foi assim que nos despedimos de Damien Jurado.
Na primeira parte estiveram os The Weather Station, a banda da guitarrista de Tamara Lindeman. Folk pastoral a fazer o aquecimento para o que aí viria, que não deixou recordações por aí além.
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