Para aqueles que andaram a espreitar os vídeos das actuações ao vivo de Christian Löffler, sobretudo aqueles captados no londrino Barbican Centre ou no tresloucado Burning Man, a prestação do Capitólio ficou certamente a umas boas frequências de luz de distância. O aparato luminoso foi, porém, substituído por um set com bastante emoção cinemática, sendo palpável o clima de festa, bastante mais gingão do que na anterior passagem do músico alemão em 2022, numa actuação também integrada no Misty Fest.
A primeira parte foi servida no prato de Natascha Polké, que combinou, com respeitável verve, batidas melancólicas e uma voz de onde, a tempos, escorria o mel retirado da mesma embalagem de uns Mazzy Star, talvez reflexo da sua anterior vida no universo indie/folk.
Löffler trouxe consigo o recente longa-duração “A Life”, o disco mais aproximado do formato canção que já editou numa carreira sem espinhas, no qual contou com uma série de convidados, dando voz a uma música electrónica com muita massa cinzenta. Para o alemão, o objectivo passa por fazer música electrónica que não se pareça com tal, mas é difícil ficar estático perante temas que ardem em lume brando, um estufado house capaz de levar para casa uma estrela Michelin.
Atrás de Löffler, um ecrã fazia-nos mergulhar em águas mais ou menos tranquilas, projectando imagens de contacto e relações humanas, fossem elas parentais ou sonhadas por amantes, ilustrando na perfeição uma música marcada pela emoção e com algum balanço de transcendência.
Num set que foi subindo as rotações, terminando mais perto do planeta techno, contámos ainda com a presença de Mohna – Monna Steinwidder no BI alemão -, teclista e cantora da banda indie pop Me Succeeds, que tem colaborado com Löffler na construção desta house saída da escola de arquitectura alemã. Por falar em escola alemã, fica a dica: os Two Lanes, banda dos irmãos Rafa e Leo, estão de visita ao Village Undergound no dia 23 de Novembro. Não precisam de dizer Danke.
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Fotos: © ineews.eu | @frontrowpixels
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