Já lá vão cerca de 23 anos desde que os Belle and Sebastian, banda escocesa que sacou o nome a um romance da francesa Cécile Aubry – que surgiu de inspiração à série de anime intitulada “Bell e Sebastião”, emitida em 1983 na RTP -, nos prendou com “Tigermilk”, rodela de estreia que, por essa altura, teve o lançamento exclusivo em vinil nuns tímidos 1000 exemplares.
Desde então, Stuart Murdoch e companhia habituaram-nos a uma música preciosa e delicada, com uma componente literária verdadeiramente prendada, e a uma proximidade com o público que os levou a tocar em cafés, casas particulares, igrejas, livrarias e até em barcos de cruzeiro. Proximidade que ficou bem patente no recente concerto da Aula Magna que, a seu tempo, ofereceu tempo de antena para que fossem os próprios fãs o centro da festa.
Tudo com projecções vídeo a servirem de pano de fundo, que tanto nos ofereceram fotografias a preto e branco que poderiam levar para casa o World Press Photo, padrões que dariam belíssimos cortinados ou azulejos para a casa de banho, patinadoras sedutoras, uma novela gráfica por onde passaram Lou Reed ou John Lennon ou uma sessão em movimento de fotografias para passes e cartões de biblioteca, numa viagem entre clássicos de outros tempos e temas mais recentes.
Sempre muito comunicador – chegou mesmo a ler umas frases em português – e tratando de ir dando protagonismo aos restantes membros da banda, Stuart teve tempo para recordar o concerto de há 13 anos no Coliseu dos Recreios ou brincar com um boneco que lhe foi oferecido por uns fãs dedicados da primeira fila, conduzindo os B&S num concerto onde foram metidas várias mudanças, como seguir o exemplo de Buzz Lightyear e entrar em modo espanhol com “She`s Losing It”, sacar do espírito Eurovisão ao ritmo de “Expectations” – se Jens Lekman fosse escocês soaria provavelmente assim -, cantar praticamente acapella no belíssimo “Piazza, New York Catcher” – dos tempos em que ele e a mulher eram um casal tímido -, abrir a pista com o muito funky “Your Cover`s Blown” – que serviu para se brincar com a sisudez do público britânico e dar largas ao cowbell – ou pedir a invasão de palco em “The Boy With The Arab Strap”, uma das mais incríveis monólitos esculpidos pela banda. Um amor assim dura mesmo uma vida inteira.
Alinhamento
Nobody’s Empire
Sister Buddha
I Want the World to Stop
She’s Losing It
Expectations
Sweet Dew Lee
Funny Little Frog
Piazza, New York Catcher
Little Lou, Ugly Jack, Prophet John
I Can See Your Future
Your Cover’s Blown
Dog on Wheels
Another Sunny Day
The Boy With the Arab Strap
Jonathan David
The State I Am In
Encore
The Stars of Track and Field
Sukie in the Graveyard
Promotora: House of Fun
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