#10
Julia Holter: “Have you in my wilderness”
A experimentalista Julia Holter surpreendeu em 2015 com o mais acessível registo da sua discografia. “Have you in my wilderness” não deixa de ser um disco denso mas, comparativamente com trabalhos anteriores, é mais imediato e hialino. A orquestração acompanha a sua voz doce, e ouvir este disco é como flutuar num sonho labiríntico.
#9
Beach House: “Depression Cherry”
Ainda a caminhar sobre o limbo da perfeição, “Depression Cherry” trouxe-nos uns Beach House a conviver alegremente com a tristeza e a dor. Um disco onde os coros e as “back vocals” são constantes e onde a marca de água dos sintetizadores e um shoegaze suis generis, que progressivamente colocaram os Beach House no topo do mundo dos melómanos, continua bem vincada.
#8
Sufjan Stevens: “Carrie & Lowell”
Perante a imponência do passado de Sufjan Stevens seria um crime desconsiderar “Carrie & Lowell”, como se este disco fosse o membro da família que enriquece às custas da herança dos seus ancestrais. Já que falamos de ancestrais, o disco que Stevens nos trouxe em 2015 relembra-nos o seu início de carreira, sendo este registo muito semelhante a “Seven Swans”, de 2004. Canções íntimas, um passado pessoal remexido, uma orquestração melódica ao nível dos melhores discos do ano.
#7
Sleater Kinney: “No cities to love”
Por momentos pensámos que as tínhamos perdido para sempre mas, dez anos depois, as Sleater Kinney regressam com a pujança que as tornaram ídolos (sobretudo) do universo undeground que o grunge dos anos 90 deixou. Os refrões são gritantes, os acordes nervosos, vivos e alucinados.
“No cities to love” recorda-nos aquilo de que por momentos nos podíamos ter esquecido: as Sleater Kinney são as salvadoras do rock tradicional, e a prova disso é que o lugar que deixaram vago durante dez anos ficou sempre por preencher.
#6
Modest Mouse: “Strangers to ourselves”
Uma das razões pelas quais 2015 será recordado pela sua qualidade discográfica será, seguramente, pelo facto de algumas das melhores bandas de culto que há muito pareciam perdidas terem voltado a ver a luz do dia. Nesse lote, além das anteriormente citadas Sleater Kinney, constam também os Modest Mouse. “Strangers to ourselfs” pode ser considerado mais do mesmo, o que, no caso desta banda, é claramente positivo.
#5
Lower Dens: “Escape from evil”
Uma obra-prima claramente Pop com muitas reminiscências dos anos 80, embora mui (to mais minimalista e sem uma adjectivação precisa fácil, não fosse este um disco difícil de encaixarembora fácil de gostar). É a história a reescrever-se e a reouvir-se em 2015.
#4
The Decemberists: “What a terrible world, what a beautiful world”
Mais um regresso inflamadamente aguardado, em que os The Decemberists que conhecíamos de outras andanças aproveitaram para reforçar a sua componente folk e melhorar as orquestrações que vinham apurando em discos anteriores.
#3
Deerhunter: “Fading Frontier”
Tal como com Sufjan Stevens, também Bradford Cox, o frontman dos Deerhunter, esperou por 2015 para lançar um disco altamente pessoal e íntimo, sobretudo com dissertações sobre a recuperação de um acidente de que foi vítima. Apesar de soar a algo que a banda norte-americana já nos tinha trazido, “Fading Frontier” apresenta uma ligeira frescura. Não sendo um registo inovador, funciona como obra de consagração de uma das mais cotadas bandas dos últimos dez anos.
#2
Joanna Newsom: “Divers”
A arpista mais talentosa do Mundo foi outro artista de culto que decidiu voltar às produções discográficas. Orquestraçoes sublimes, pautadas por sintetizadores e pianos foi o que Joanna Newsom optou por nos trazer este ano. Pode mesmo dizer-se que de toda a obra de Newsom, “Divers”, será o disco que mais apela à emoção, como se tivesse sido produzido com o coração perto da boca. O disco mais sensivel do ano.
#1
EL VY: “Return to the moon”
A surpresa causada por um projecto de Matt Berninger a solo com Brent Knopf (Menomena) tornou-se ainda maior perante a dimensão da qualidade deste disco. Se “Return to the moon” foi um teste de Berninger à sua sobrevivência sem os The National, este terá seguramente passado com distinção, num disco onde rock e a folk têm tendência a misturar-se, os teclados são convidados a aparecer e há ainda espaço para ritmos mais dançáveis. Pelo efeito novidade, pela vivacidade e frescura, “Return to the moon” será um disco que daqui por muitos anos todos iremos recordar.
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