Foram apenas duas noites – e dois dias -, mas a verdade é que a primeira edição do MIL – Lisbon International Music Network passou com distinção nos objectivos a que se tinha auto-proposto: trazer os tubarões da indústria musical a Portugal e mostrar-lhes que, apesar de pequeninos, somos orgulhosamente rabinos, e que apenas faltam oportunidades para que a música de expressão nacional comece a fazer parte de festivais e espaços por essa Europa (e mundo) fora.
Foi, igualmente, um espaço de encontro para os próprios músicos, agentes, promotores, jornalistas e turistas nacionais, apontando à criação de sinergias, apaziguando conflitos armados e piscando o olho a colaborações futuras, que faça com que cada um comece a olhar menos para o umbigo próprio e possa mesmo, se for pedido com jeitinho, passar creme nas costas do músico do lado.
No campo musical foram 54 os concertos e sessões de DJ Set que passaram por seis espaços de Lisboa, com o quartel-general situado do Cais do Sodré: Lounge, Musicbox, Sabotage, Tokyo, Roterdão e B.Leza. Com os bilhetes esgotados e uma concentração massiva na Rua Nova do Carvalho, fica a ideia de que para o ano se poderá pensar ainda mais em grande – e em espaços maiores.
O Musicbox esteve à cunha – B Fachada já tocava e havia uma fila bem composta -, a cave do Roterdão é boa para bandas de garagem, o Lounge transpira estilo e intimidade, o Sabotage convida a um surto de adrenalina, o B.Leza nasceu para isto e o Tokyo, infelizmente, é demasiado pequeno para receber gente tão dotada quanto o francês Adam Naas.
O grande foco esteve, porém, nas muitas conversas que tiveram lugar na Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva, na ETIC – Espaço Amoreiras, na Pensão Amor e na Sala do Arquivo da Câmara Municipal de Lisboa, com o nobre objectivo de fazer da música a nossa cortiça cultural.
Falou-se da arte de programar festivais de grande dimensão, de como construir uma banda à séria, discutiu-se o imenso e complicado mercado brasileiro, sublinhou-se o papel decisivo e a força criativa das pequenas editoras, navegou-se pela era moderna digital, olhou-se de perto para o pequeno mas denso mercado nacional. Em ano de estreia, apetece dizer: para o ano queremos mais.
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