Motorama | “Dialogues”
Da Caixa Económica Operária ao Vodafone Paredes de Coura e, pelo meio, uma passagem pelo festival Entremuralhas – tudo isto em menos de três anos. Este percurso serve não só para ilustrar a relação da banda com Portugal mas, também, aquilo que tem sido a carreira dos russos Motorama desde o álbum de estreia “Alps”, de 2013: o burburinho que começou num nicho e se alargou a um público maior, e que, em “Dialogues” – o mais recente disco -, promete elevar a banda para outro nível.
“Dialogues”, o quarto álbum da banda, traz aquilo que gostamos nos Motorama: não os queremos ver inventar nada, apenas que tragam o seu indie rock com camadas de revivalismo Post-Punk melancólico, como se os The National fizessem música para bailes. Queremos apenas dançar sozinhos temas como “Tell Me”, escrever cartas de amor ao som de “I See You” ou observar a chuva através da janela ao som de “Reflection”. Do frio da Rússia para nos aquecer o coração, mesmo a tempo do Inverno, e de entrar nesta lista de álbuns obrigatórios para 2016.
Oscar | “Cut And Paste”
Rapaz alto e magro, vestindo muitas vezes t-shirts do rato Mickey, Oscar parece saído de uma sitcom mas, quando abre a boca para cantar, não há nada para rir, antes letras bonitas e profundas e uma voz capaz de fazer corar Morrissey. É, aliás, ao universo indie-pop de Morrissey que Oscar vai buscar muitas das suas influências. Depois do EP “Beautiful Words”, lançou este ano o primeiro longa duração intitulado “Cut and Paste“, pop orelhuda para se cantarolar como comprovam os temas “Daffodil Days”, “Beautiful Words” ou “Sometimes”.
King Gizzard and The Lizard Wizard | “Nonagon Infinity”
Os King Gizzard and The Lizard Wizard atiraram-nos com uma bomba psicadélica de seu nome “Nonagon Infinity“. Os efeitos são nefastos: nove temas que não deixam respirar levando à loucura. Há até relatos de mulheres em bares que, ao escutarem os seus temas, correram em direcção ao DJ já sem sutiã. Dizem também que um dia serão conhecidos verdadeiramente os efeitos que o concerto da banda no Vodafone Paredes de Coura deixou sobre as pessoas. Não sabemos se os filhos das pessoas que estiveram presentes nascerão dentro de um corpo de avestruz como no vídeo do tema “People-Vultures”, a única coisa que sabemos é que “Nonagon Infinity” leva já o nosso carimbo de melhor disco rock de 2016.
Liima | “ii”
Os Liima, banda composta por elementos dos Efterklang, levam-nos a viajar pela sua electro pop com nuances experimentalistas através do álbum de estreia “ii“, que tem ligações a Portugal – uma das partes do disco foi criada na ilha da Madeira. Depois da passagem em Julho por Viseu, os Liima estão de volta para actuar no Jameson Urban Routes onde, garantidamente, temas como “Roger Waters”, “Trains In The Dark” ou “Amerika” não vão deixar o público indiferente.
The Snails | “Songs From The Shoebox”
Os The Snails são a banda dos tempos livres de Samuel T. Herring dos Future Islands e, talvez por isso,”Songs From The Shoebox” – o seu primeiro álbum de originais – tenha tido tão pouca divulgação que chega a ser difícil encontra-lo para venda. Só por aqui dá para perceber a maneira descontraída e sem ambições como a banda encara o projecto. Dez temas em menos de 28 minutos de duração como mandam as regras dos grandes discos, em que os Snails nos levam numa viagem bem-disposta, cheia de influências de reggae e ska e com a voz de Samuel T. sempre carregada de sentimentalismo e de urgência, a fazer a diferença a que já nos habitou – e quando ele manda aqueles berros que nos invadem o coração?! Ainda bem que estas canções não se ficaram pela caixa de sapatos, um disco de verão, época em que os caracóis têm mais saída mas, também, para se voltar a pegar no fim do ano para o pôr na lista de melhores de 2016 e ouvir o tema de natal “Snails Christmas (I Want a New Shell).
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