Os They ‘re Heading West são quatro músicos portugueses que integram várias bandas diferentes. Formaram em 2011 esta espécie de supergrupo nacional, no qual tocam versões de diversos projectos. O intuito específico foi financiar uma digressão de sonho pela Costa Oeste americana. Começaram a dar concertos regularmente, para os quais convidaram uma série de convidados musicais: primeiro no Bar do Teatro A Barraca e, depois, na Casa Independente, no Intendente. Fizeram a mítica viagem – duas vezes – e, o passo seguinte, deu-se no início de Outubro, com a edição do seu primeiro disco, homónimo, pela Pataca Discos. Os convidados dos concertos juntam-se aos They ‘re Heading West neste álbum: a rapper Capicua, Samuel Úria, a fadista Ana Moura, Bruno Pernadas, Afonso Cabral e mais alguns amigos. O Deus Me Livro investiga junto dos músicos como se faz a viagem musical Intendente-Washington (ida e volta).
Entrevista com o quarteto fantástico: Francisca Cortesão, Mariana Ricardo, Sérgio Nascimento e João Correia.
De onde veio a ideia de partir à conquista dos ouvidos americanos?
Talvez mais do que partir à conquista dos ouvidos americanos – e acabámos por conquistar alguns! – a ideia era tentar ir até lá e tocar as músicas uns dos outros, numa banda feita à medida para a ocasião. Ir e ver o que acontecia, e aproveitar para descobrir a Costa Oeste da América do Norte, onde nunca tínhamos ido mas que todos queríamos conhecer.
Os They’re Heading West são trabalhadores, todos tocam em vários projectos diferentes. Foi difícil conciliar os timings e as obrigações profissionais para gravar este disco?
Estranhamente foi bastante fácil, tanto as nossas como as de todas as outras pessoas que participaram no disco.
Há no leque de colaboradores algumas escolhas improváveis para a vossa sonoridade. Capicua e Ana Moura, por exemplo, movem-se habitualmente noutros géneros musicais. Qual foi o vosso critério na escolha dos convidados?
Todos os convidados do disco tinham sido antes convidados de concertos, pelo que nas gravações recuperámos músicas que já tinham sido tocadas com eles. À medida que o tempo foi passando fomos alargando os convites a artistas e bandas aparentemente mais distantes, e ainda bem que o fizemos – daí surgiram colaborações muito felizes, do nosso ponto de vista. Esses dois exemplos, da Capicua e da Ana Moura, são perfeitos, mas poderíamos falar também do Camané, ou da Ana Bacalhau. Vamo-nos lembrando de pessoas com quem gostássemos os quatro de tocar, se calhar é esse o único critério. Para o disco, tentámos escolher as melhores versões de entre três anos de concertos.
O disco deixa adivinhar uma boa vibração entre toda a gente que participou. Foi fácil acertar agulhas com tantos convidados, estilos e gostos diferentes?
Foi muito fácil, na verdade. Já tínhamos acertado as agulhas nos ensaios e concertos que anteciparam o disco, foi muito natural relembrar as versões de cada canção. A questão dos estilos musicais é uma questão que não entra no nosso universo. Este disco é um disco de canções e de partilha e retrata momentos que aconteceram e foram especiais com artistas de que gostamos muito. Se este fosse um disco em que os convidados se juntassem apenas nas sessões de gravação acho que as coisas tinham sido diferentes. Mas acho que essa abordagem não fazia sentido nesta banda. Tivemos um processo de gravação em que nada foi imposto a ninguém, juntámo-nos e fizemos o que gostamos e sabemos fazer, daí a naturalidade e facilidade de fazer um disco assim com tantos músicos.
Como tem sido a reacção ao álbum?
Muito boa, o que nos deixa muito felizes.
Há alguma perspectiva de haver canções originais dos They ‘re Heading West ou pensam continuar como banda de versões?
Esta banda não se resume ao disco. No disco, sim, temos versões de canções dos convidados porque fez muito mais sentido para nós rever a experiência que tivemos a partilhar canções com outros do que gravar as músicas escritas por nós, que já tocamos há anos – e algumas delas que também tocamos noutros projectos. Mas nós somos uma banda de concerto. E em todos os concertos tocamos maioritariamente músicas que fomos nós que escrevemos. Independentemente de tocarmos essas músicas noutros grupos não deixam de ser nossas. Isto pode parecer confuso mas esta banda tem três singer-songwriters e cada um tem vontade de tocar músicas que já gravou antes ou experimentar coisas novas. Uma canção existe e anda por aí… Pode sempre ser tocada e interpretada conforme a ocasião e nós gostamos de dar vidas novas às canções que escrevemos.
Está pensada mais alguma road trip à América?
A ideia de voltar á América será sempre uma constante por vários motivos: em primeiro lugar temos óptimas recordações do que lá passámos, por outro lado nunca saber bem que palco nos vai calhar, se teremos gente para nos ver, se criamos um ambiente apetecível do outro lado do mundo… É sempre um mistério bom de se vivenciar… Por isso, iremos repetir logo que possamos.
Qual seria o convidado – ou convidados – de sonho para tocar com os They ‘re Heading West?
Este processo todo tem sido a concretização de um sonho que era o nosso. Fazermos uma road trip no Oeste dos Estados Unidos, e isso já se concretizou, de forma que tudo o que vier daqui para a frente será sempre uma extensão desse sonho!
Fotos: Vera Marmelo
Sem Comentários