Mark Lanegan, senhor de muito bom porte e esmerada apresentação – ainda que com um ar descuidado não inocente -, é dono de uma voz cavernosa, algures entre a sensualidade e a zanga, que parece esconder anos e anos de muita nicotina, litros de whisky e uma lista infindável de outras coisas que, normalmente, associamos de sorriso nos lábios à má vida.
Cerca de um ano depois de uma visita a Portugal, onde chegou acompanhado da sua banda para promoção de “Phantom Radio”, o artista norte-americano regressa agora à Lusitânia – via Everything is New -para dois concertos intimistas, e logo em espaços verdadeiramente privilegiados: Theatro Circo, em Braga (29 Maio) e Cinema São Jorge, Lisboa (30 Maio). A primeira parte do espectáculo estará a cargo do músico Duke Garwood, com quem Mark Lanegan lançou em parceria o álbum “Black Pudding”, editado em 2013.
Músico de carreira reconhecida, Mark Lanegan passou por bandas míticas como os The Screaming Trees ou os Mad Season, tendo participado igualmente em alguns discos dos Queens of the Stone Age. A juntar a isso contam-se as colaborações com artistas como Isobel Campell, Layne Staley, PJ Harvey ou Melissa Auf der Maur, entre outros.
Ao longo de um percurso com bastante diversidade musical e criativa, Lanegan construiu uma identidade que olha para os blues como a sua principal referência, mas que não o tem impedido de navegar em outros mares, sejam eles o hard rock ou a electrónica, desde que estes sirvam para exprimir a sua poesia carregada de sombras e negrume. Em modo low profile, esta será uma fantástica oportunidade para ouvir Lanegan, qual funâmbulo, a percorrer um arame por baixo do qual se agitam areias movediças e as incertezas da alma humana.
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