As Savages partiram para a conquista do mundo em 2013 com o disco de estreia “Silence Yourself”, carregado de reminiscências Post-Punk. Se na altura havia dúvidas sobre se não seria esta mais uma banda de mulheres feita pela indústria musical, os assombrosos (no bom sentido) concertos ao vivo tratariam de arrumar com a questão – de quem lá esteve, quem não se lembrará ainda daquela aparição no Festival Primavera Sound no Porto, que deixou muitos de boca aberta?
Jehnny Beth é a energética vocalista, muitas vezes comparada a Ian Curtis pelos seus tiques nervosos em palco. Gemma Thompson é a apaixonante guitarrista, e da sua guitarra saem distorções a fazer lembrar os Bauhaus (por isso a sua comparação ao guitarrista Daniel Ash); Ayse Hassan é a poderosa baixista e Fay Milton a mulher que ajuda na destruição sónica com nervosas batidas. Em 2016, este quarteto de luxo volta com a mesma receita que as catapultou e traz-nos “Adore Life” (Matador Records, 2016), disco produzido por Johnny Hostile, marido da vocalista Jehnny Beth.
“Adore Life” abre com o rockeiro “The Answer”, que serviu de apresentação ao disco e cujo respectivo videoclip foi gravado em Lisboa, dando ainda maior ênfase à história de amor das Savages com Portugal. Temas como “Evil”, “Sad Person” ou “T.I.W.Y.G” continuam na mesma linha de “Silence Yourself”, o que está longe de ser mau: é esse o registo que esperamos das Savages.
O segredo da banda, apesar de ser aparentemente simples, está ao alcance de poucas bandas: a forma genuína com que fazem música. Em comparação com “Silence Yourself”, “Adore Life” é um disco mais humano, como comprova o tema “Adore”, com uma densidade sentimental tão grande que é bem capaz de nos pôr de lágrima no canto do olho: “I understand the urgency of life; In the distance there is truth which cuts like a knife; Maybe I will die maybe tomorrow so I need to say; I adore life”.
Numa das suas entrevistas, as Savages afirmaram que “Adore Life” “é sobre metamorfose e evolução (…) mas, acima de tudo, sobre o amor, sobre todos os tipos de amor. O amor é a solução.” E é exactamente o amor que delas recebemos que nos salva, o mesmo amor que as continua a manter no patamar elevado para o qual “Silence Yourself” as catapultou – e onde “Adore Life” as mantém. De punho cerrado e bem erguido afirmamos de viva voz: I Adore Savages.
Sem Comentários