Um dia antes da mais louca corrida às paletes de garrafões, pilhas de formatos sortidos, transístores AM/FM vintage, fogões de campismo e, para alguns, um gerador maneirinho – episódio que ficará conhecido nas enciclopédias e manuais de História como O Grande Apagão de 2025 -, a Aula Magna recebia um daqueles concertos para guardar com sentimento na caixa de memórias musicais: Warhaus, a vida paralela que Maarten Devoldere vem mantendo a par dos Balthazar. O motivo foi “Karaoke Moon”, rodela que dá nome à digressão da banda – Karaoke Moon Tour – e que sucede ao muy elegante “Ha Ha Heartbreak”, disco de 2022.

Entre o crooning de um Leonard Cohen e o jogo de anca de um jovem Bryan Ferry, Maarten Devoldere foi tratando de distribuir declarações de amor pelos presentes, num concerto com uma banda brilhantemente enturmada – foram muitas as reuniões no palanque onde estava estacionada a bateria – onde, à tradição das guitarras, baixo, bateria e teclas, se juntaram sopros, cordas ou congas, numa sofisticação tal que poderia servir de abertura a um dos filmes do empreendimento de espionagem conhecido por 007.
A paleta sonora é variada, desde momentos western com sabor a Kruanghbin a valsas que se sentem como uma despedida, num concerto que terminou em modo stand up com muito boa gente de pé a dançar o quarteto “Love`s a Stranger”, “Zero One Code”, “Beaches” e “Where The Names Are Real”. Pelo meio, ainda vimos Devoldere sentado numa das cadeiras das doutorais, contemplando uma banda em estado de graça.

A abrir o encore, Maarten Devoldere surge entre as doutorais e a plateia, dando a escolher entre Sinatra e Tina Turner para um momento karaoke – venceu “The Best” -, protagonizado por um micro, uma coluna manhosa e um pequeno ecrã colocado perto de uma das saídas, com o refrão a ter direito a coro popular.
A despedida fez-se com um desgosto de amor – “Open Window” – e, já com a banda fora de cena e as luzes ligadas, Elvis Presley mandava-nos para casa confessando que “Can’t Help Falling in Love”. Com Maarten Devoldere é mesmo assim: o amor, sempre o amor.
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Fotos: Tiago Cortez
Promotora: Everything is New
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