Entre melómanos, ainda se gera alguma confusão quando se tem esta conversa:
– O que achaste do novo álbum dos Beach House?
– Está porreiro o Depression Cherry…
– Não, não. Falava mesmo do Thank Your Lucky Stars.
É perfeitamente normal que isso aconteça, pois a banda de Victoria Legrand e Alex Scally decidiu, passado sensivelmente dois meses da edição de “Depression Cherry”, lançar “Thank Your Lucky Stars” (Sub Pop, 2015).
Se à primeira vista ficamos com a impressão de que este lançamento se deve a algumas sobras que ficaram de “Depression Cherry” ou de um disco de lados B, essa impressão dissipa-se de imediato quando começamos a escutar o disco. Não é que a fórmula que fez os Beach House chegar ao sucesso não esteja lá: os teclados, sintetizadores e as guitarras que nos fazem sonhar e que definem a sua música. Porém, comparado com “Depression Cherry”, “Thank Your Lucky Stars é uma espécie de filme a preto e branco: belo, mas triste.
Não há grande espaço para sonhar, mas estranhamente sentimo-nos tão bem naquela dor. Está longe de ser um disco tão imediato como o é Depression Cherry, embora nos assaltem o coração temas como “All Your Yeahs”, “Elegy to the Void” ou a magistral “Somewhere Tonight”( mesmo que o disco fosse mau já valia por este tema).
A cada nova audição o nosso amor vai crescendo, até ao momento em que estamos no trabalho – ou noutro lugar – e só queremos fugir para um sítio onde possamos escutá-lo, isto por já não conseguirmos viver sem ele. Pode haver amores à primeira vista, mas não serão tão bonitos ou duradores, isto porque não nos desafiam. E o amor é um desafio. Na música como no amor, assim é “Thank Your Lucky Stars”.
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