Os Pista formaram-se no Barreiro, em torno de um tema pouco usual no rock: o ciclismo. Inicialmente um duo, lançaram em 2013 o seu primeiro EP, “Pista” (2013, Estúdios king). Munidos de guitarra e bateria gravaram cinco músicas em alta velocidade, com pedalada para fazer a Volta à França.
Editam no próximo dia 13 de Novembro o seu primeiro álbum, “Bamboleio” (2015, pontiaq / CTL-Musicbox), e têm um reforço na equipa: as guitarras passaram a ser duas, com a entrada de Ernesto Vitali, que se junta ao guitarrista Cláudio Fernandes e ao baterista Bruno Afonso.
As gravações decorreram no Alvito, Alentejo, no estúdio de Luís Nunes, conhecido como Benjamim, que também faz uma perninha no disco (nos teclados, coros e percussão). Se o nome não lhe diz nada, saiba que Benjamim lançou em 2015 um dos mais interessantes álbuns de música portuguesa dos últimos tempos, “Auto Rádio”. A masterização esteve a cargo do músico e produtor Xinobi.
“Toneladas de ritmo e melodias fáceis e contagiantes” são os ingredientes principais do som da banda, nas palavras dos próprios. Ritmo não lhes falta: de facto, a energia punk do trio é abundante e incansável.
“Puxa” é o primeiro single e tem sido o cartão-de-visita dos Pista. A música já estava incluída no seu EP de estreia mas conhece aqui uma versão mais “cheia”, com a entrada da segunda guitarra que permite dinâmicas ausentes na versão do EP. O teledisco, realizado por Miguel Tavares, consolida a imagem da banda: três rockers tropicais, de camisas de flores e bicicletas de corrida – os Pista passam um imaginário de festa e desvario.
O segundo single chama-se “Sal Mão”, e é também representativo do resto do disco: música principalmente instrumental, excepto pelos coros alegres que pontuam a melodia, que não destoaria numa esplanada de praia em Havana.
A banda inspira-se na junção de ritmos e guitarras punk com elementos da música africana, formando uma mistura já apelidada de “afro-punk” que, a espaços, faz lembrar os Vampire Weekend. Existem também afinidades com “Clarão”, o disco de 2014 dos “PAUS”, embora nos Pista haja bastante mais leveza e claridade.
Em certos pontos conseguimos vislumbrar uma aproximação ao som Indie Rock de uns Foals, principalmente em “ Queráute”, o épico de 10 minutos que fecha o disco com estrondo. Nesta música Cláudio Fernandes toca baixo, e o formato power trio resulta num som bastante diferente do resto das faixas.
No conjunto, “Bamboleio” é um disco que nunca abranda o ritmo, e isso pode tornar-se cansativo ao fim de algumas faixas. A ausência de vozes, excepto nos coros e pontualmente nalgumas músicas, afasta os Pista do formato rock tradicional, e torna-os numa banda “experimental”. Podemos dizer que as guitarras são quase sempre as verdadeiras vocalistas da banda, o fio condutor de todas as canções. A receita funcionará certamente melhor ao vivo, onde a sua energia contagiante garante espectáculos com muita adrenalina.
A banda tem feito imensos concertos este ano, de Norte a Sul do País, tendo tocado na Festa do Avante e no NOS Alive. No próximo dia 13 de Novembro vão pedalar até ao Music Box para a apresentação do novo disco, com uma série de convidados especiais. A festa está garantida.
Foto: Vera Marmelo.
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